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LIVRO DE DANIEL
DANIEL Capítulo 1
1 No ano terceiro do reinado de Jeoiaquim, rei de Judá,
veio Nabucodonosor, rei de Babilónia, a Jerusalém, e a sitiou.
2 E o Senhor entregou nas suas mãos a Jeoiaquim, rei de
Judá, e uma parte dos utensílios da casa de Deus, e ele os levou para a terra
de Sinar, para a casa do seu deus, e pós os utensílios na casa do tesouro do
seu deus.
3 E disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que
trouxesse alguns dos filhos de Israel, e da linhagem real e dos príncipes,
4 Jovens em quem não houvesse defeito algum, de boa
aparência, e instruídos em toda a sabedoria, e doutos em ciência, e entendidos
no conhecimento, e que tivessem habilidade para assistirem no palácio do rei, e
que lhes ensinassem as letras e a língua dos caldeus.
5 E o rei lhes determinou a porção diária, das iguarias
do rei, e do vinho que ele bebia, e que assim fossem mantidos por três anos,
para que no fim destes pudessem estar diante do rei.
6 E entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel,
Hananias, Misael e Azarias;
7 E o chefe dos eunucos lhes pós outros nomes, a saber:
a Daniel pós o de Beltessazar, e a Hananias o de Sadraque, e a Misael o de
Mesaque, e a Azarias o de Abednego.
8 E Daniel propós no seu coração não se contaminar com
a porção das iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto pediu ao
chefe dos eunucos que lhe permitisse não se contaminar.
9 Ora, Deus fez com que Daniel achasse graça e
misericórdia diante do chefe dos eunucos.
10 E disse o chefe dos eunucos a Daniel: Tenho medo do
meu senhor, o rei, que determinou a vossa comida e a vossa bebida; pois por que
veria ele os vossos rostos mais tristes do que os dos outros jovens da vossa
idade? Assim porias em perigo a minha cabeça para com o rei.
11 Então disse Daniel ao despenseiro a quem o chefe dos
eunucos havia constituído sobre Daniel, Hananias, Misael e Azarias:
12 Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias, e que
se nos dêem legumes a comer, e água a beber.
13 Então se examine diante de ti a nossa aparência, e a
aparência dos jovens que comem a porção das iguarias do rei; e, conforme vires,
procederás para com os teus servos.
14 E ele consentiu isto, e os experimentou dez dias.
15 E, ao fim dos dez dias, apareceram os seus
semblantes melhores, e eles estavam mais gordos de carne do que todos os jovens
que comiam das iguarias do rei.
16 Assim o despenseiro tirou-lhes a porção das
iguarias, e o vinho de que deviam beber, e lhes dava legumes.
17 Quanto a estes quatro jovens, Deus lhes deu o
conhecimento e a inteligência em todas as letras, e sabedoria; mas a Daniel deu
entendimento em toda a visão e sonhos.
18 E ao fim dos dias, em que o rei tinha falado que os
trouxessem, o chefe dos eunucos os trouxe diante de Nabucodonosor.
19 E o rei falou com eles; e entre todos eles não foram
achados outros tais como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; portanto ficaram
assistindo diante do rei.
20 E em toda a matéria de sabedoria e de discernimento,
sobre o que o rei lhes perguntou, os achou dez vezes mais doutos do que todos
os magos astrólogos que havia em todo o seu reino.
21 E Daniel permaneceu até ao primeiro ano do rei Ciro.
DANIEL Capítulo 2
1 E no segundo ano do reinado de Nabucodonosor,
Nabucodonosor teve sonhos; e o seu espírito se perturbou, e passou-se-lhe o
sono.
2 Então o rei mandou chamar os magos, os astrólogos, os
encantadores e os caldeus, para que declarassem ao rei os seus sonhos; e eles
vieram e se apresentaram diante do rei.
3 E o rei lhes disse: Tive um sonho; e para saber o
sonho está perturbado o meu espírito.
4 E os caldeus disseram ao rei em aramáico: O rei, vive
eternamente! Dize o sonho a teus servos, e daremos a interpretação.
5 Respondeu o rei, e disse aos caldeus: O assunto me
tem escapado; se não me fizerdes saber o sonho e a sua interpretação, sereis
despedaçados, e as vossas casas serão feitas um monturo;
6 Mas se vós me declarardes o sonho e a sua
interpretação, recebereis de mim dádivas, recompensas e grande honra; portanto
declarai-me o sonho e a sua interpretação.
7 Responderam segunda vez, e disseram: Diga o rei o
sonho a seus servos, e daremos a sua interpretação.
8 Respondeu o rei, e disse: Percebo muito bem que vós
quereis ganhar tempo; porque vedes que o assunto me tem escapado.
9 De modo que, se não me fizerdes saber o sonho, uma só
sentença será a vossa; pois vós preparastes palavras mentirosas e perversas
para as proferirdes na minha presença, até que se mude o tempo; portanto
dizei-me o sonho, para que eu entenda que me podeis dar a sua interpretação.
10 Responderam os caldeus na presença do rei, e
disseram: Não há ninguém sobre a terra que possa declarar a palavra ao rei;
pois nenhum rei há, grande ou dominador, que requeira coisas semelhantes de
algum mago, ou astrólogo, ou caldeu.
11 Porque o assunto que o rei requer é difícil; e
ninguém há que o possa declarar diante do rei, senão os deuses, cuja morada não
é com a carne.
12 Por isso o rei muito se irou e enfureceu; e ordenou
que matassem a todos os sábios de Babilónia.
13 E saiu o decreto, segundo o qual deviam ser mortos
os sábios; e buscaram a Daniel e aos seus companheiros, para que fossem mortos.
14 Então Daniel falou avisada e prudentemente a
Arioque, capitão da guarda do rei, que tinha saído para matar os sábios de
Babilónia.
15 Respondeu, e disse a Arioque, capitão do rei: Por
que se apressa tanto o decreto da parte do rei? Então Arioque explicou o caso a
Daniel.
16 E Daniel entrou; e pediu ao rei que lhe desse tempo,
para que lhe pudesse dar a interpretação.
17 Então Daniel foi para a sua casa, e fez saber o caso
a Hananias, Misael e Azarias, seus companheiros;
18 Para que pedissem misericórdia ao Deus do céu, sobre
este mistério, a fim de que Daniel e seus companheiros não perecessem,
juntamente com o restante dos sábios de Babilónia.
19 Então foi revelado o mistério a Daniel numa visão de
noite; então Daniel louvou o Deus do céu.
20 Falou Daniel, dizendo: Seja bendito o nome de Deus
de eternidade a eternidade, porque dele são a sabedoria e a força;
21 E ele muda os tempos e as estações; ele remove os
reis e estabelece os reis; ele dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos
entendidos.
22 Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que
está em trevas, e com ele mora a luz.
23 O Deus de meus pais, eu te dou graças e te louvo,
porque me deste sabedoria e força; e agora me fizeste saber o que te pedimos,
porque nos fizeste saber este assunto do rei.
24 Por isso Daniel foi ter com Arioque, ao qual o rei
tinha constituído para matar os sábios de Babilónia; entrou, e disse-lhe assim:
Não mates os sábios de Babilónia; introduze-me na presença do rei, e declararei
ao rei a interpretação.
25 Então Arioque depressa introduziu a Daniel na
presença do rei, e disse-lhe assim: Achei um homem dentre os cativos de Judá, o
qual fará saber ao rei a interpretação.
26 Respondeu o rei, e disse a Daniel (cujo nome era
Beltessazar): Podes tu fazer-me saber o sonho que tive e a sua interpretação?
27 Respondeu Daniel na presença do rei, dizendo: O
segredo que o rei requer, nem sábios, nem astrólogos, nem magos, nem adivinhos
o podem declarar ao rei;
28 Mas há um Deus no céu, o qual revela os mistérios;
ele, pois, fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de acontecer nos últimos
dias; o teu sonho e as visões da tua cabeça que tiveste na tua cama são estes:
29 Estando tu, ó rei, na tua cama, subiram os teus
pensamentos, acerca do que há de ser depois disto. Aquele, pois, que revela os
mistérios te fez saber o que há de ser.
30 E a mim me foi revelado esse mistério, não porque
haja em mim mais sabedoria que em todos os viventes, mas para que a
interpretação se fizesse saber ao rei, e para que entendesses os pensamentos do
teu coração.
31 Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande
estátua; esta estátua, que era imensa, cujo esplendor era excelente, e estava
em pé diante de ti; e a sua aparência era terrível.
32 A cabeça daquela estátua era de ouro fino; o seu
peito e os seus braços de prata; o seu ventre e as suas coxas de cobre;
33 As pernas de ferro; os seus pés em parte de ferro e
em parte de barro.
34 Estavas vendo isto, quando uma pedra foi cortada,
sem auxílio de mão, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os
esmiuçou.
35 Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o
bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como pragana das eiras do estio,
e o vento os levou, e não se achou lugar algum para eles; mas a pedra, que feriu
a estátua, se tornou grande monte, e encheu toda a terra.
36 Este é o sonho; também a sua interpretação diremos
na presença do rei.
37 Tu, ó rei, és rei de reis; a quem o Deus do céu tem
dado o reino, o poder, a força, e a glória.
38 E onde quer que habitem os filhos de homens, na tua
mão entregou os animais do campo, e as aves do céu, e fez que reinasse sobre
todos eles; tu és a cabeça de ouro.
39 E depois de ti se levantará outro reino, inferior ao
teu; e um terceiro reino, de bronze, o qual dominará sobre toda a terra.
40 E o quarto reino será forte como ferro; pois, como o
ferro, esmiúça e quebra tudo; como o ferro que quebra todas as coisas, assim
ele esmiuçará e fará em pedaços.
41 E, quanto ao que viste dos pés e dos dedos, em parte
de barro de oleiro, e em parte de ferro, isso será um reino dividido; contudo
haverá nele alguma coisa da firmeza do ferro, pois viste o ferro misturado com
barro de lodo.
42 E como os dedos dos pés eram em parte de ferro e em
parte de barro, assim por uma parte o reino será forte, e por outra será
frágil.
43 Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de
lodo, misturar-se-ão com semente humana, mas não se ligarão um ao outro, assim
como o ferro não se mistura com o barro.
44 Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará
um reino que não será jamais destruído; e este reino não passará a outro povo;
esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre,
45 Da maneira que viste que do monte foi cortada uma
pedra, sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a prata
e o ouro; o grande Deus fez saber ao rei o que há de ser depois disto. Certo é
o sonho, e fiel a sua interpretação.
46 Então o rei Nabucodonosor caiu sobre a sua face, e
adorou a Daniel, e ordenou que lhe oferecessem uma oblação e perfumes suaves.
47 Respondeu o rei a Daniel, e disse: Certamente o
vosso Deus é Deus dos deuses, e o Senhor dos reis e revelador de mistérios,
pois pudeste revelar este mistério.
48 Então o rei engrandeceu a Daniel, e lhe deu muitas e
grandes dádivas, e o pós por governador de toda a província de Babilónia, como
também o fez chefe dos governadores sobre todos os sábios de Babilónia.
49 E pediu Daniel ao rei, e constituiu ele sobre os
negócios da província de Babilónia a Sadraque, Mesaque e Abednego; mas Daniel
permaneceu na porta do rei.
DANIEL Capítulo 3
1 O rei Nabucodonosor fez uma estátua de ouro, cuja
altura era de sessenta cóvados, e a sua largura de seis cóvados; levantou-a no
campo de Dura, na província de Babilónia.
2 Então o rei Nabucodonosor mandou reunir os príncipes,
os prefeitos, os governadores, os conselheiros, os tesoureiros, os juízes, os
capitães, e todos os oficiais das províncias, para que viessem à consagração da
estátua que o rei Nabucodonosor tinha levantado.
3 Então se reuniram os príncipes, os prefeitos e
governadores, os capitães, os juízes, os tesoureiros, os conselheiros, e todos
os oficiais das províncias, à consagração da estátua que o rei Nabucodonosor
tinha levantado; e estavam em pé diante da imagem que Nabucodonosor tinha
levantado.
4 E o arauto apregoava em alta voz: Ordena-se a vós, ó
povos, nações e línguas:
5 Quando ouvirdes o som da buzina, da flauta, da harpa,
da sambuca, do saltério, da gaita de foles, e de toda a espécie de música,
prostrar-vos-eis, e adorareis a estátua de ouro que o rei Nabucodonosor tem
levantado.
6 E qualquer que não se prostrar e não a adorar, será
na mesma hora lançado dentro da fornalha de fogo ardente.
7 Portanto, no mesmo instante em que todos os povos
ouviram o som da buzina, da flauta, da harpa, da sambuca, do saltério e de toda
a espécie de música, prostraram-se todos os povos, nações e línguas, e adoraram
a estátua de ouro que o rei Nabucodonosor tinha levantado.
8 Por isso, no mesmo instante chegaram perto alguns
caldeus, e acusaram os judeus.
9 E responderam, dizendo ao rei Nabucodonosor: O rei,
vive eternamente!
10 Tu, ó rei, fizeste um decreto, pelo qual todo homem
que ouvisse o som da buzina, da flauta, da harpa, da sambuca, do saltério, e da
gaita de foles, e de toda a espécie de música, se prostrasse e adorasse a
estátua de ouro;
11 E, qualquer que não se prostrasse e adorasse, seria
lançado dentro da fornalha de fogo ardente.
12 Há uns homens judeus, os quais constituíste sobre os
negócios da província de Babilónia: Sadraque, Mesaque e Abednego; estes homens,
ó rei, não fizeram caso de ti; a teus deuses não servem, nem adoram a estátua
de ouro que levantaste.
13 Então Nabucodonosor, com ira e furor, mandou trazer
a Sadraque, Mesaque e Abednego. E trouxeram a estes homens perante o rei.
14 Falou Nabucodonosor, e lhes disse: É de propósito, ó
Sadraque, Mesaque e Abednego, que vós não servis a meus deuses nem adorais a
estátua de ouro que levantei?
15 Agora, pois, se estais prontos, quando ouvirdes o
som da buzina, da flauta, da harpa, da sambuca, do saltério, da gaita de foles,
e de toda a espécie de música, para vos prostrardes e adorardes a estátua que
fiz, bom é; mas, se não a adorardes, sereis lançados, na mesma hora, dentro da
fornalha de fogo ardente. E quem é o Deus que vos poderá livrar das minhas
mãos?
16 Responderam Sadraque, Mesaque e Abednego, e disseram
ao rei Nabucodonosor: Não necessitamos de te responder sobre este negócio.
17 Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos
pode livrar; ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e da tua mão, ó rei.
18 E, se não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a
teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste.
19 Então Nabucodonosor se encheu de furor, e mudou-se o
aspecto do seu semblante contra Sadraque, Mesaque e Abednego; falou, e ordenou
que a fornalha se aquecesse sete vezes mais do que se costumava aquecer.
20 E ordenou aos homens mais poderosos, que estavam no
seu exército, que atassem a Sadraque, Mesaque e Abednego, para lançá-los na
fornalha de fogo ardente.
21 Então estes homens foram atados, vestidos com as
suas capas, suas túnicas, e seus chapéus, e demais roupas, e foram lançados
dentro da fornalha de fogo ardente.
22 E, porque a palavra do rei era urgente, e a fornalha
estava sobremaneira quente, a chama do fogo matou aqueles homens que carregaram
a Sadraque, Mesaque, e Abednego.
23 E estes três homens, Sadraque, Mesaque e Abednego,
caíram atados dentro da fornalha de fogo ardente.
24 Então o rei Nabucodonosor se espantou, e se levantou
depressa; falou, dizendo aos seus conselheiros: Não lançamos nós, dentro do
fogo, três homens atados? Responderam e disseram ao rei: É verdade, ó rei.
25 Respondeu, dizendo: Eu, porém, vejo quatro homens
soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem sofrer nenhum dano; e o aspecto
do quarto é semelhante ao Filho de Deus.
26 Então chegando-se Nabucodonosor à porta da fornalha
de fogo ardente, falou, dizendo: Sadraque, Mesaque e Abednego, servos do Deus
Altíssimo, saí e vinde! Então Sadraque, Mesaque e Abednego saíram do meio do
fogo.
27 E reuniram-se os príncipes, os capitães, os
governadores e os conselheiros do rei e, contemplando estes homens, viram que o
fogo não tinha tido poder algum sobre os seus corpos; nem um só cabelo da sua
cabeça se tinha queimado, nem as suas capas se mudaram, nem cheiro de fogo
tinha passado sobre eles.
28 Falou Nabucodonosor, dizendo: Bendito seja o Deus de
Sadraque, Mesaque e Abednego, que enviou o seu anjo, e livrou os seus servos,
que confiaram nele, pois violaram a palavra do rei, preferindo entregar os seus
corpos, para que não servissem nem adorassem algum outro deus, senão o seu
Deus.
29 Por mim, pois, é feito um decreto, pelo qual todo o
povo, e nação e língua que disser blasfêmia contra o Deus de Sadraque, Mesaque
e Abednego, seja despedaçado, e as suas casas sejam feitas um monturo;
porquanto não há outro Deus que possa livrar como este.
30 Então o rei fez prosperar a Sadraque, Mesaque e
Abednego, na província de Babilónia.
DANIEL Capítulo 4
1 Nabucodonosor rei, a todos os povos, nações e línguas,
que moram em toda a terra: Paz vos seja multiplicada.
2 Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e
maravilhas que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo.
3 Quão grandes são os seus sinais, e quão poderosas as
suas maravilhas! O seu reino é um reino sempiterno, e o seu domínio de geração
em geração.
4 Eu, Nabucodonosor, estava sossegado em minha casa, e
próspero no meu palácio.
5 Tive um sonho, que me espantou; e estando eu na minha
cama, as imaginações e as visões da minha cabeça me turbaram.
6 Por isso expedi um decreto, para que fossem
introduzidos à minha presença todos os sábios de Babilónia, para que me
fizessem saber a interpretação do sonho.
7 Então entraram os magos, os astrólogos, os caldeus e
os adivinhadores, e eu contei o sonho diante deles; mas não me fizeram saber a
sua interpretação.
8 Mas por fim entrou na minha presença Daniel, cujo
nome é Beltessazar, segundo o nome do meu deus, e no qual há o espírito dos
deuses santos; e eu lhe contei o sonho, dizendo:
9 Beltessazar, mestre dos magos, pois eu sei que há em
ti o espírito dos deuses santos, e nenhum mistério te é difícil, dize-me as
visões do meu sonho que tive e a sua interpretação.
10 Eis, pois, as visões da minha cabeça, estando eu na
minha cama: Eu estava assim olhando, e vi uma árvore no meio da terra, cuja
altura era grande;
11 Crescia esta árvore, e se fazia forte, de maneira
que a sua altura chegava até ao céu; e era vista até aos confins da terra.
12 A sua folhagem era formosa, e o seu fruto abundante,
e havia nela sustento para todos; debaixo dela os animais do campo achavam
sombra, e as aves do céu faziam morada nos seus ramos, e toda a carne se
mantinha dela.
13 Estava vendo isso nas visões da minha cabeça,
estando eu na minha cama; e eis que um vigia, um santo, descia do céu,
14 Clamando fortemente, e dizendo assim: Derrubai a
árvore, e cortai-lhe os ramos, sacudi as suas folhas, espalhai o seu fruto;
afugentem-se os animais de debaixo dela, e as aves dos seus ramos.
15 Mas deixai na terra o tronco com as suas raízes,
atada com cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo; e seja molhado do
orvalho do céu, e seja a sua porção com os animais na erva da terra;
16 Seja mudado o seu coração, para que não seja mais
coração de homem, e lhe seja dado coração de animal; e passem sobre ele sete
tempos.
17 Esta sentença é por decreto dos vigias, e esta ordem
por mandado dos santos, a fim de que conheçam os viventes que o Altíssimo tem
domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer, e até ao mais humilde dos
homens constitui sobre ele.
18 Este sonho eu, rei Nabucodonosor vi. Tu, pois,
Beltessazar, dize a interpretação, porque todos os sábios do meu reino não
puderam fazer-me saber a sua interpretação, mas tu podes; pois há em ti o
espírito dos deuses santos.
19 Então Daniel, cujo nome era Beltessazar, esteve
atónito por uma hora, e os seus pensamentos o turbavam; falou, pois, o rei,
dizendo: Beltessazar, não te espante o sonho, nem a sua interpretação.
Respondeu Beltessazar, dizendo: Senhor meu, seja o sonho contra os que te têm
ódio, e a sua interpretação aos teus inimigos.
20 A árvore que viste, que cresceu, e se fez forte,
cuja altura chegava até ao céu, e que foi vista por toda a terra;
21 Cujas folhas eram formosas, e o seu fruto abundante,
e em que para todos havia sustento, debaixo da qual moravam os animais do
campo, e em cujos ramos habitavam as aves do céu;
22 És tu, ó rei, que cresceste, e te fizeste forte; a
tua grandeza cresceu, e chegou até ao céu, e o teu domínio até à extremidade da
terra.
23 E quanto ao que viu o rei, um vigia, um santo, que
descia do céu, e dizia: Cortai a árvore, e destruí-a, mas o tronco com as suas
raízes deixai na terra, e atada com cadeias de ferro e de bronze, na erva do
campo; e seja molhado do orvalho do céu, e a sua porção seja com os animais do
campo, até que passem sobre ele sete tempos;
24 Esta é a interpretação, ó rei; e este é o decreto do
Altíssimo, que virá sobre o rei, meu senhor:
25 Serás tirado dentre os homens, e a tua morada será
com os animais do campo, e te farão comer erva como os bois, e serás molhado do
orvalho do céu; e passar-se-ão sete tempos por cima de ti; até que conheças que
o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer.
26 E quanto ao que foi falado, que deixassem o tronco
com as raízes da árvore, o teu reino voltará para ti, depois que tiveres
conhecido que o céu reina.
27 Portanto, ó rei, aceita o meu conselho, e põe fim
aos teus pecados, praticando a justiça, e às tuas iniqüidades, usando de
misericórdia com os pobres, pois, talvez se prolongue a tua tranqüilidade.
28 Todas estas coisas vieram sobre o rei Nabucodonosor.
29 Ao fim de doze meses, quando passeava no palácio
real de Babilónia,
30 Falou o rei, dizendo: Não é esta a grande Babilónia
que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu poder, e para glória da
minha magnificência?
31 Ainda estava a palavra na boca do rei, quando caiu
uma voz do céu: A ti se diz, ó rei Nabucodonosor: Passou de ti o reino.
32 E serás tirado dentre os homens, e a tua morada será
com os animais do campo; far-te-ão comer erva como os bois, e passar-se-ão sete
tempos sobre ti, até que conheças que o Altíssimo domina sobre o reino dos
homens, e o dá a quem quer.
33 Na mesma hora se cumpriu a palavra sobre
Nabucodonosor, e foi tirado dentre os homens, e comia erva como os bois, e o
seu corpo foi molhado do orvalho do céu, até que lhe cresceu pelo, como as
penas da águia, e as suas unhas como as das aves.
34 Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonosor, levantei
os meus olhos ao céu, e tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o
Altíssimo, e louvei e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é um
domínio sempiterno, e cujo reino é de geração em geração.
35 E todos os moradores da terra são reputados em nada,
e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da
terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes?
36 No mesmo tempo tornou a mim o meu entendimento, e
para a dignidade do meu reino tornou-me a vir a minha majestade e o meu
resplendor; e buscaram-me os meus conselheiros e os meus senhores; e fui
restabelecido no meu reino, e a minha glória foi aumentada.
37 Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, exalço e
glorifico ao Rei do céu; porque todas as suas obras são verdade, e os seus
caminhos juízo, e pode humilhar aos que andam na soberba.
DANIEL Capítulo 5
1 O rei Belsazar deu um grande banquete a mil dos seus
senhores, e bebeu vinho na presença dos mil.
2 Havendo Belsazar provado o vinho, mandou trazer os
vasos de ouro e de prata, que Nabucodonosor, seu pai, tinha tirado do templo
que estava em Jerusalém, para que bebessem neles o rei, os seus príncipes, as
suas mulheres e concubinas.
3 Então trouxeram os vasos de ouro, que foram tirados
do templo da casa de Deus, que estava em Jerusalém, e beberam neles o rei, os
seus príncipes, as suas mulheres e concubinas.
4 Beberam o vinho, e deram louvores aos deuses de ouro,
de prata, de bronze, de ferro, de madeira, e de pedra.
5 Na mesma hora apareceram uns dedos de mão de homem, e
escreviam, defronte do castiçal, na caiadura da parede do palácio real; e o rei
via a parte da mão que estava escrevendo.
6 Mudou-se então o semblante do rei, e os seus pensamentos
o turbaram; as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos batiam um
no outro.
7 E gritou o rei com força, que se introduzissem os
astrólogos, os caldeus e os adivinhadores; e falou o rei, dizendo aos sábios de
Babilónia: Qualquer que ler este escrito, e me declarar a sua interpretação,
será vestido de púrpura, e trará uma cadeia de ouro ao pescoço e, no reino,
será o terceiro governante.
8 Então entraram todos os sábios do rei; mas não
puderam ler o escrito, nem fazer saber ao rei a sua interpretação.
9 Então o rei Belsazar perturbou-se muito, e
mudou-se-lhe o semblante; e os seus senhores estavam sobressaltados.
10 A rainha, por causa das palavras do rei e dos seus
senhores, entrou na casa do banquete, e respondeu, dizendo: O rei, vive para
sempre! Não te perturbem os teus pensamentos, nem se mude o teu semblante.
11 Há no teu reino um homem, no qual há o espírito dos
deuses santos; e nos dias de teu pai se achou nele luz, e inteligência, e
sabedoria, como a sabedoria dos deuses; e teu pai, o rei Nabucodonosor, sim,
teu pai, o rei, o constituiu mestre dos magos, dos astrólogos, dos caldeus e
dos adivinhadores;
12 Porquanto se achou neste Daniel um espírito
excelente, e conhecimento, e entendimento, interpretando sonhos e explicando
enigmas, e resolvendo dúvidas, ao qual o rei pós o nome de Beltessazar.
Chame-se, pois, agora Daniel, e ele dará a interpretação.
13 Então Daniel foi introduzido à presença do rei.
Falou o rei, dizendo a Daniel: És tu aquele Daniel, um dos filhos dos cativos
de Judá, que o rei, meu pai, trouxe de Judá?
14 Tenho ouvido dizer a teu respeito que o espírito dos
deuses está em ti, e que em ti se acham a luz, e o entendimento e a excelente
sabedoria.
15 Agora mesmo foram introduzidos à minha presença os
sábios e os astrólogos, para lerem este escrito, e me fazerem saber a sua
interpretação; mas não puderam dar a interpretação destas palavras.
16 Eu, porém, tenho ouvido dizer de ti que podes dar
interpretação e resolver dúvidas. Agora, se puderes ler este escrito, e
fazer-me saber a sua interpretação, serás vestido de púrpura, e terás cadeia de
ouro ao pescoço e no reino serás o terceiro governante.
17 Então respondeu Daniel, e disse na presença do rei:
As tuas dádivas fiquem contigo, e dá os teus prêmios a outro; contudo lerei ao
rei o escrito, e far-lhe-ei saber a interpretação.
18 O rei! Deus, o Altíssimo, deu a Nabucodonosor, teu
pai, o reino, e a grandeza, e a glória, e a majestade.
19 E por causa da grandeza, que lhe deu, todos os
povos, nações e línguas tremiam e temiam diante dele; a quem queria matava, e a
quem queria conservava em vida; e a quem queria engrandecia, e a quem queria abatia.
20 Mas quando o seu coração se exaltou, e o seu
espírito se endureceu em soberba, foi derrubado do seu trono real, e passou
dele a sua glória.
21 E foi tirado dentre os filhos dos homens, e o seu
coração foi feito semelhante ao dos animais, e a sua morada foi com os jumentos
monteses; fizeram-no comer a erva como os bois, e do orvalho do céu foi molhado
o seu corpo, até que conheceu que Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre o reino
dos homens, e a quem quer constitui sobre ele.
22 E tu, Belsazar, que és seu filho, não humilhaste o
teu coração, ainda que soubeste tudo isto.
23 E te levantaste contra o Senhor do céu, pois foram
trazidos à tua presença os vasos da casa dele, e tu, os teus senhores, as tuas
mulheres e as tuas concubinas, bebestes vinho neles; além disso, deste louvores
aos deuses de prata, de ouro, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra, que
não vêem, não ouvem, nem sabem; mas a Deus, em cuja mão está a tua vida, e de
quem são todos os teus caminhos, a ele não glorificaste.
24 Então dele foi enviada aquela parte da mão, que
escreveu este escrito.
25 Este, pois, é o escrito que se escreveu: MENE, MENE,
TEQUEL, UFARSIM.
26 Esta é a interpretação daquilo: MENE: Contou Deus o
teu reino, e o acabou.
27 TEQUEL: Pesado foste na balança, e foste achado em
falta.
28 PERES: Dividido foi o teu reino, e dado aos medos e
aos persas.
29 Então mandou Belsazar que vestissem a Daniel de
púrpura, e que lhe pusessem uma cadeia de ouro ao pescoço, e proclamassem a
respeito dele que havia de ser o terceiro no governo do seu reino.
30 Naquela noite foi morto Belsazar, rei dos caldeus.
31 E Dario, o medo, ocupou o reino, sendo da idade de
sessenta e dois anos.
DANIEL Capítulo 6
1 E pareceu bem a Dario constituir sobre o reino cento
e vinte príncipes, que estivessem sobre todo o reino;
2 E sobre eles três presidentes, dos quais Daniel era
um, aos quais estes príncipes dessem conta, para que o rei não sofresse dano.
3 Então o mesmo Daniel sobrepujou a estes presidentes e
príncipes; porque nele havia um espírito excelente; e o rei pensava
constituí-lo sobre todo o reino.
4 Então os presidentes e os príncipes procuravam achar
ocasião contra Daniel a respeito do reino; mas não podiam achar ocasião ou
culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum erro nem culpa.
5 Então estes homens disseram: Nunca acharemos ocasião
alguma contra este Daniel, se não a achar-mos contra ele na lei do seu Deus.
6 Então estes presidentes e príncipes foram juntos ao
rei, e disseram-lhe assim: O rei Dario, vive para sempre!
7 Todos os presidentes do reino, os capitães e
príncipes, conselheiros e governadores, concordaram em promulgar um edito real
e confirmar a proibição que qualquer que, por espaço de trinta dias, fizer uma
petição a qualquer deus, ou a qualquer homem, e não a ti, ó rei, seja lançado
na cova dos leões.
8 Agora, pois, ó rei, confirma a proibição, e assina o
edito, para que não seja mudado, conforme a lei dos medos e dos persas, que não
se pode revogar.
9 Por esta razão o rei Dario assinou o edito e a
proibição.
10 Daniel, pois, quando soube que o edito estava
assinado, entrou em sua casa (ora havia no seu quarto janelas abertas do lado
de Jerusalém), e três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças
diante do seu Deus, como também antes costumava fazer.
11 Então aqueles homens foram juntos, e acharam a
Daniel orando e suplicando diante do seu Deus.
12 Então se apresentaram ao rei e, a respeito do edito
real, disseram-lhe: Porventura não assinaste o edito, pelo qual todo o homem
que fizesse uma petição a qualquer deus, ou a qualquer homem, por espaço de
trinta dias, e não a ti, ó rei, fosse lançado na cova dos leões? Respondeu o
rei, dizendo: Esta palavra é certa, conforme a lei dos medos e dos persas, que
não se pode revogar.
13 Então responderam ao rei, dizendo-lhe: Daniel, que é
dos filhos dos cativos de Judá, não tem feito caso de ti, ó rei, nem do edito
que assinaste, antes três vezes por dia faz a sua oração.
14 Ouvindo então o rei essas palavras, ficou muito
penalizado, e a favor de Daniel propós dentro do seu coração livrá-lo; e até ao
pór do sol trabalhou para salvá-lo.
15 Então aqueles homens foram juntos ao rei, e
disseram-lhe: Sabe, ó rei, que é lei dos medos e dos persas que nenhum edito ou
decreto, que o rei estabeleça, se pode mudar.
16 Então o rei ordenou que trouxessem a Daniel, e
lançaram-no na cova dos leões. E, falando o rei, disse a Daniel: O teu Deus, a
quem tu continuamente serves, ele te livrará.
17 E foi trazida uma pedra e posta sobre a boca da
cova; e o rei a selou com o seu anel e com o anel dos seus senhores, para que
não se mudasse a sentença acerca de Daniel.
18 Então o rei se dirigiu para o seu palácio, e passou
a noite em jejum, e não deixou trazer à sua presença instrumentos de música; e
fugiu dele o sono.
19 Pela manhã, ao romper do dia, levantou-se o rei, e
foi com pressa à cova dos leões.
20 E, chegando-se à cova, chamou por Daniel com voz
triste; e disse o rei a Daniel: Daniel, servo do Deus vivo, dar-se-ia o caso
que o teu Deus, a quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te dos
leões?
21 Então Daniel falou ao rei: O rei, vive para sempre!
22 O meu Deus enviou o seu anjo, e fechou a boca dos
leões, para que não me fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante
dele; e também contra ti, ó rei, não tenho cometido delito algum.
23 Então o rei muito se alegrou em si mesmo, e mandou
tirar a Daniel da cova. Assim foi tirado Daniel da cova, e nenhum dano se achou
nele, porque crera no seu Deus.
24 E ordenou o rei, e foram trazidos aqueles homens que
tinham acusado a Daniel, e foram lançados na cova dos leões, eles, seus filhos
e suas mulheres; e ainda não tinham chegado ao fundo da cova quando os leões se
apoderaram deles, e lhes esmigalharam todos os ossos.
25 Então o rei Dario escreveu a todos os povos, nações
e línguas que moram em toda a terra: A paz vos seja multiplicada.
26 Da minha parte é feito um decreto, pelo qual em todo
o domínio do meu reino os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel;
porque ele é o Deus vivo e que permanece para sempre, e o seu reino não se pode
destruir, e o seu domínio durará até o fim.
27 Ele salva, livra, e opera sinais e maravilhas no céu
e na terra; ele salvou e livrou Daniel do poder dos leões.
28 Este Daniel, pois, prosperou no reinado de Dario, e
no reinado de Ciro, o persa.
DANIEL Capítulo 7
1 No primeiro ano de Belsazar, rei de Babilónia, teve
Daniel um sonho e visões da sua cabeça quando estava na sua cama; escreveu logo
o sonho, e relatou a suma das coisas.
2 Falou Daniel, e disse: Eu estava olhando na minha
visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu agitavam o mar grande.
3 E quatro animais grandes, diferentes uns dos outros,
subiam do mar.
4 O primeiro era como leão, e tinha asas de águia;
enquanto eu olhava, foram-lhe arrancadas as asas, e foi levantado da terra, e
posto em pé como um homem, e foi-lhe dado um coração de homem.
5 Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal,
semelhante a um urso, o qual se levantou de um lado, tendo na boca três
costelas entre os seus dentes; e foi-lhe dito assim: Levanta-te, devora muita
carne.
6 Depois disto, eu continuei olhando, e eis aqui outro,
semelhante a um leopardo, e tinha quatro asas de ave nas suas costas; tinha
também este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio.
7 Depois disto eu continuei olhando nas visões da
noite, e eis aqui o quarto animal, terrível e espantoso, e muito forte, o qual
tinha dentes grandes de ferro; ele devorava e fazia em pedaços, e pisava aos
pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes
dele, e tinha dez chifres.
8 Estando eu a considerar os chifres, eis que, entre
eles subiu outro chifre pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres
foram arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como os de homem, e uma
boca que falava grandes coisas.
9 Eu continuei olhando, até que foram postos uns
tronos, e um ancião de dias se assentou; a sua veste era branca como a neve, e
o cabelo da sua cabeça como a pura lã; e seu trono era de chamas de fogo, e as
suas rodas de fogo ardente.
10 Um rio de fogo manava e saía de diante dele;
milhares de milhares o serviam, e milhões de milhões assistiam diante dele;
assentou-se o juízo, e abriram-se os livros.
11 Então estive olhando, por causa da voz das grandes
palavras que o chifre proferia; estive olhando até que o animal foi morto, e o
seu corpo desfeito, e entregue para ser queimado pelo fogo;
12 E, quanto aos outros animais, foi-lhes tirado o
domínio; todavia foi-lhes prolongada a vida até certo espaço de tempo.
13 Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis
que vinha nas nuvens do céu um como o filho do homem; e dirigiu-se ao ancião de
dias, e o fizeram chegar até ele.
14 E foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para
que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio
eterno, que não passará, e o seu reino tal, que não será destruído.
15 Quanto a mim, Daniel, o meu espírito foi abatido
dentro do corpo, e as visões da minha cabeça me perturbaram.
16 Cheguei-me a um dos que estavam perto, e pedi-lhe a
verdade acerca de tudo isto. E ele me disse, e fez-me saber a interpretação das
coisas.
17 Estes grandes animais, que são quatro, são quatro
reis, que se levantarão da terra.
18 Mas os santos do Altíssimo receberão o reino, e o
possuirão para todo o sempre, e de eternidade em eternidade.
19 Então tive desejo de conhecer a verdade a respeito
do quarto animal, que era diferente de todos os outros, muito terrível, cujos
dentes eram de ferro e as suas unhas de bronze; que devorava, fazia em pedaços
e pisava aos pés o que sobrava;
20 E também a respeito dos dez chifres que tinha na
cabeça, e do outro que subiu, e diante do qual caíram três, isto é, daquele que
tinha olhos, e uma boca que falava grandes coisas, e cujo parecer era mais
robusto do que o dos seus companheiros.
21 Eu olhava, e eis que este chifre fazia guerra contra
os santos, e prevaleceu contra eles.
22 Até que veio o ancião de dias, e fez justiça aos
santos do Altíssimo; e chegou o tempo em que os santos possuíram o reino.
23 Disse assim: O quarto animal será o quarto reino na
terra, o qual será diferente de todos os reinos; e devorará toda a terra, e a
pisará aos pés, e a fará em pedaços.
24 E, quanto aos dez chifres, daquele mesmo reino se
levantarão dez reis; e depois deles se levantará outro, o qual será diferente
dos primeiros, e abaterá a três reis.
25 E proferirá palavras contra o Altíssimo, e destruirá
os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei; e eles serão
entregues na sua mão, por um tempo, e tempos, e a metade de um tempo.
26 Mas o juízo será estabelecido, e eles tirarão o seu
domínio, para o destruir e para o desfazer até ao fim.
27 E o reino, e o domínio, e a majestade dos reinos
debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino
será um reino eterno, e todos os domínios o servirão, e lhe obedecerão.
28 Aqui terminou o assunto. Quanto a mim, Daniel, os
meus pensamentos muito me perturbaram, e mudou-se em mim o meu semblante; mas
guardei o assunto no meu coração.
DANIEL Capítulo 8
1 No ano terceiro do reinado do rei Belsazar
apareceu-me uma visão, a mim, Daniel, depois daquela que me apareceu no
princípio.
2 E vi na visão; e sucedeu que, quando vi, eu estava na
cidadela de Susã, na província de Elão; vi, pois, na visão, que eu estava junto
ao rio Ulai.
3 E levantei os meus olhos, e vi, e eis que um carneiro
estava diante do rio, o qual tinha dois chifres; e os dois chifres eram altos,
mas um era mais alto do que o outro; e o mais alto subiu por último.
4 Vi que o carneiro dava marradas para o ocidente, e
para o norte e para o sul; e nenhum dos animais lhe podia resistir; nem havia
quem pudesse livrar-se da sua mão; e ele fazia conforme a sua vontade, e se
engrandecia.
5 E, estando eu considerando, eis que um bode vinha do
ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão; e aquele bode tinha um
chifre insigne entre os olhos.
6 E dirigiu-se ao carneiro que tinha os dois chifres,
ao qual eu tinha visto em pé diante do rio, e correu contra ele no ímpeto da
sua força.
7 E vi-o chegar perto do carneiro, enfurecido contra
ele, e ferindo-o quebrou-lhe os dois chifres, pois não havia força no carneiro
para lhe resistir, e o bode o lançou por terra, e o pisou aos pés; não houve
quem pudesse livrar o carneiro da sua mão.
8 E o bode se engrandeceu sobremaneira; mas, estando na
sua maior força, aquele grande chifre foi quebrado; e no seu lugar subiram
outros quatro também insignes, para os quatro ventos do céu.
9 E de um deles saiu um chifre muito pequeno, o qual
cresceu muito para o sul, e para o oriente, e para a terra formosa.
10 E se engrandeceu até contra o exército do céu; e a
alguns do exército, e das estrelas, lançou por terra, e os pisou.
11 E se engrandeceu até contra o príncipe do exército;
e por ele foi tirado o sacrifício contínuo, e o lugar do seu santuário foi
lançado por terra.
12 E um exército foi dado contra o sacrifício contínuo,
por causa da transgressão; e lançou a verdade por terra, e o fez, e prosperou.
13 Depois ouvi um santo que falava; e disse outro santo
àquele que falava: Até quando durará a visão do sacrifício contínuo, e da
transgressão assoladora, para que sejam entregues o santuário e o exército, a
fim de serem pisados?
14 E ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e
manhãs; e o santuário será purificado.
15 E aconteceu que, havendo eu, Daniel, tido a visão,
procurei o significado, e eis que se apresentou diante de mim como que uma
semelhança de homem.
16 E ouvi uma voz de homem entre as margens do Ulai, a
qual gritou, e disse: Gabriel, dá a entender a este a visão.
17 E veio perto de onde eu estava; e, vindo ele, me
amedrontei, e caí sobre o meu rosto; mas ele me disse: Entende, filho do homem,
porque esta visão acontecerá no fim do tempo.
18 E, estando ele falando comigo, caí adormecido com o
rosto em terra; ele, porém, me tocou, e me fez estar em pé.
19 E disse: Eis que te farei saber o que há de
acontecer no último tempo da ira; pois isso pertence ao tempo determinado do
fim.
20 Aquele carneiro que viste com dois chifres são os
reis da Média e da Pérsia,
21 Mas o bode peludo é o rei da Grécia; e o grande
chifre que tinha entre os olhos é o primeiro rei;
22 O ter sido quebrado, levantando-se quatro em lugar
dele, significa que quatro reinos se levantarão da mesma nação, mas não com a
força dele.
23 Mas, no fim do seu reinado, quando acabarem os
prevaricadores, se levantará um rei, feroz de semblante, e será entendido em
adivinhações.
24 E se fortalecerá o seu poder, mas não pela sua
própria força; e destruirá maravilhosamente, e prosperará, e fará o que lhe
aprouver; e destruirá os poderosos e o povo santo.
25 E pelo seu entendimento também fará prosperar o
engano na sua mão; e no seu coração se engrandecerá, e destruirá a muitos que
vivem em segurança; e se levantará contra o Príncipe dos príncipes, mas sem mão
será quebrado.
26 E a visão da tarde e da manhã que foi falada, é
verdadeira. Tu, porém, cerra a visão, porque se refere a dias muito distantes.
27 E eu, Daniel, enfraqueci, e estive enfermo alguns
dias; então levantei-me e tratei do negócio do rei. E espantei-me acerca da
visão, e não havia quem a entendesse.
DANIEL Capítulo 9
1 No ano primeiro de Dario, filho de Assuero, da
linhagem dos medos, o qual foi constituído rei sobre o reino dos caldeus,
2 No primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi
pelos livros que o número dos anos, de que falara o SENHOR ao profeta Jeremias,
em que haviam de cumprir-se as desolações de Jerusalém, era de setenta anos.
3 E eu dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar
com oração e súplicas, com jejum, e saco e cinza.
4 E orei ao SENHOR meu Deus, e confessei, e disse: Ah!
Senhor! Deus grande e tremendo, que guardas a aliança e a misericórdia para com
os que te amam e guardam os teus mandamentos;
5 Pecamos, e cometemos iniqüidades, e procedemos
impiamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus
juízos;
6 E não demos ouvidos aos teus servos, os profetas, que
em teu nome falaram aos nossos reis, aos nossos príncipes, e a nossos pais,
como também a todo o povo da terra.
7 A ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós a
confusão de rosto, como hoje se vê; aos homens de Judá, e aos moradores de
Jerusalém, e a todo o Israel, aos de perto e aos de longe, em todas as terras
por onde os tens lançado, por causa das suas rebeliões que cometeram contra ti.
8 O Senhor, a nós pertence a confusão de rosto, aos
nossos reis, aos nossos príncipes, e a nossos pais, porque pecamos contra ti.
9 Ao Senhor, nosso Deus, pertencem a misericórdia, e o
perdão; pois nos rebelamos contra ele,
10 E não obedecemos à voz do SENHOR, nosso Deus, para
andarmos nas suas leis, que nos deu por intermédio de seus servos, os profetas.
11 Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei,
desviando-se para não obedecer à tua voz; por isso a maldição e o juramento,
que estão escritos na lei de Moisés, servo de Deus, se derramaram sobre nós;
porque pecamos contra ele.
12 E ele confirmou a sua palavra, que falou contra nós,
e contra os nossos juízes que nos julgavam, trazendo sobre nós um grande mal;
porquanto debaixo de todo o céu nunca se fez como se tem feito em Jerusalém.
13 Como está escrito na lei de Moisés, todo este mal
nos sobreveio; apesar disso, não suplicamos à face do SENHOR nosso Deus, para nos
convertermos das nossas iniqüidades, e para nos aplicarmos à tua verdade.
14 Por isso o SENHOR vigiou sobre o mal, e o trouxe
sobre nós; porque justo é o SENHOR, nosso Deus, em todas as suas obras, que
fez, pois não obedecemos à sua voz.
15 Agora, pois, ó Senhor, nosso Deus, que tiraste o teu
povo da terra do Egito com mão poderosa, e ganhaste para ti nome, como hoje se
vê; temos pecado, temos procedido impiamente.
16 O Senhor, segundo todas as tuas justiças, aparte-se
a tua ira e o teu furor da tua cidade de Jerusalém, do teu santo monte; porque
por causa dos nossos pecados, e por causa das iniqüidades de nossos pais,
tornou-se Jerusalém e o teu povo um opróbrio para todos os que estão em redor
de nós.
17 Agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do teu
servo, e as suas súplicas, e sobre o teu santuário assolado faze resplandecer o
teu rosto, por amor do Senhor.
18 Inclina, ó Deus meu, os teus ouvidos, e ouve; abre
os teus olhos, e olha para a nossa desolação, e para a cidade que é chamada
pelo teu nome, porque não lançamos as nossas súplicas perante a tua face fiados
em nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias.
19 O Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor,
atende-nos e age sem tardar; por amor de ti mesmo, ó Deus meu; porque a tua
cidade e o teu povo são chamados pelo teu nome.
20 Estando eu ainda falando e orando, e confessando o
meu pecado, e o pecado do meu povo Israel, e lançando a minha súplica perante a
face do SENHOR, meu Deus, pelo monte santo do meu Deus,
21 Estando eu, digo, ainda falando na oração, o homem
Gabriel, que eu tinha visto na minha visão ao princípio, veio, voando
rapidamente, e tocou-me, à hora do sacrifício da tarde.
22 Ele me instruiu, e falou comigo, dizendo: Daniel,
agora saí para fazer-te entender o sentido.
23 No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu
vim, para to declarar, porque és mui amado; considera, pois, a palavra, e
entende a visão.
24 Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo,
e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos
pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão
e a profecia, e para ungir o Santíssimo.
25 Sabe e entende: desde a saída da ordem para
restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete
semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em
tempos angustiosos.
26 E depois das sessenta e duas semanas será cortado o
Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá
a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá
guerra; estão determinadas as assolações.
27 E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e
na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações
virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será
derramado sobre o assolador.
DANIEL Capítulo 10
1 No terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia, foi revelada
uma palavra a Daniel, cujo nome era Beltessazar; a palavra era verdadeira e
envolvia grande conflito; e ele entendeu esta palavra, e tinha entendimento da
visão.
2 Naqueles dias eu, Daniel, estive triste por três
semanas.
3 Alimento desejável não comi, nem carne nem vinho
entraram na minha boca, nem me ungi com ungüento, até que se cumpriram as três
semanas.
4 E no dia vinte e quatro do primeiro mês eu estava à
borda do grande rio Hidequel;
5 E levantei os meus olhos, e olhei, e eis um homem
vestido de linho, e os seus lombos cingidos com ouro fino de Ufaz;
6 E o seu corpo era como berilo, e o seu rosto parecia
um relámpago, e os seus olhos como tochas de fogo, e os seus braços e os seus
pés brilhavam como bronze polido; e a voz das suas palavras era como a voz de
uma multidão.
7 E só eu, Daniel, tive aquela visão. Os homens que
estavam comigo não a viram; contudo caiu sobre eles um grande temor, e fugiram,
escondendo-se.
8 Fiquei, pois, eu só, a contemplar esta grande visão,
e não ficou força em mim; transmudou-se o meu semblante em corrupção, e não
tive força alguma.
9 Contudo ouvi a voz das suas palavras; e, ouvindo o
som das suas palavras, eu caí sobre o meu rosto num profundo sono, com o meu
rosto em terra.
10 E eis que certa mão me tocou, e fez com que me
movesse sobre os meus joelhos e sobre as palmas das minhas mãos.
11 E me disse: Daniel, homem muito amado, entende as
palavras que vou te dizer, e levanta-te sobre os teus pés, porque a ti sou
enviado. E, falando ele comigo esta palavra, levantei-me tremendo.
12 Então me disse: Não temas, Daniel, porque desde o
primeiro dia em que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te
perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas
palavras.
13 Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu vinte
e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e
eu fiquei ali com os reis da Pérsia.
14 Agora vim, para fazer-te entender o que há de
acontecer ao teu povo nos derradeiros dias; porque a visão é ainda para muitos
dias.
15 E, falando ele comigo estas palavras, abaixei o meu
rosto para a terra, e emudeci.
16 E eis que alguém, semelhante aos filhos dos homens,
tocou-me os lábios; então abri a minha boca, e falei, dizendo àquele que estava
em pé diante de mim: senhor meu, por causa da visão sobre-vieram-me dores, e
não me ficou força alguma.
17 Como, pois, pode o servo do meu senhor falar com o
meu senhor? Porque, quanto a mim, desde agora não resta força em mim, e nem
fólego ficou em mim.
18 E aquele, que tinha aparência de um homem, tocou-me
outra vez, e fortaleceu-me.
19 E disse: Não temas, homem muito amado, paz seja
contigo; anima-te, sim, anima-te. E, falando ele comigo, fiquei fortalecido, e
disse: Fala, meu senhor, porque me fortaleceste.
20 E ele disse: Sabes por que eu vim a ti? Agora, pois,
tornarei a pelejar contra o príncipe dos persas; e, saindo eu, eis que virá o
príncipe da Grécia.
21 Mas eu te declararei o que está registrado na
escritura da verdade; e ninguém há que me anime contra aqueles, senão Miguel,
vosso príncipe.
DANIEL Capítulo 11
1 Eu, pois, no primeiro ano de Dario, o medo,
levantei-me para animá-lo e fortalecê-lo.
2 E agora te declararei a verdade: Eis que ainda três
reis estarão na Pérsia, e o quarto acumulará grandes riquezas, mais do que todos;
e, tornando-se forte, por suas riquezas, suscitará a todos contra o reino da
Grécia.
3 Depois se levantará um rei valente, que reinará com
grande domínio, e fará o que lhe aprouver.
4 Mas, estando ele em pé, o seu reino será quebrado, e
será repartido para os quatro ventos do céu; mas não para a sua posteridade,
nem tampouco segundo o seu domínio com que reinou, porque o seu reino será
arrancado, e passará a outros que não eles.
5 E será forte o rei do sul; mas um dos seus príncipes
será mais forte do que ele, e reinará poderosamente; seu domínio será grande.
6 Mas, ao fim de alguns anos, eles se aliarão; e a
filha do rei do sul virá ao rei do norte para fazer um tratado; mas ela não
reterá a força do seu braço; nem ele persistirá, nem o seu braço, porque ela
será entregue, e os que a tiverem trazido, e seu pai, e o que a fortalecia
naqueles tempos.
7 Mas de um renovo das raízes dela um se levantará em
seu lugar, e virá com o exército, e entrará na fortaleza do rei do norte, e
operará contra eles, e prevalecerá.
8 Também os seus deuses com as suas imagens de
fundição, com os seus objetos preciosos de prata e ouro, levará cativos para o
Egito; e por alguns anos ele persistirá contra o rei do norte.
9 E entrará no reino o rei do sul, e tornará para a sua
terra.
10 Mas seus filhos intervirão e reunirão uma multidão
de grandes forças; e virá apressadamente e inundará, e passará adiante; e,
voltando levará a guerra até a sua fortaleza.
11 Então o rei do sul se exasperará, e sairá, e
pelejará contra ele, contra o rei do norte; este porá em campo grande multidão,
e aquela multidão será entregue na sua mão.
12 A multidão será tirada e o seu coração se elevará;
mas ainda que derrubará muitos milhares, contudo não prevalecerá.
13 Porque o rei do norte tornará, e porá em campo uma
multidão maior do que a primeira, e ao fim dos tempos, isto é, de anos, virá à
pressa com grande exército e com muitas riquezas.
14 E, naqueles tempos, muitos se levantarão contra o
rei do sul; e os violentos dentre o teu povo se levantarão para cumprir a
visão, mas eles cairão.
15 E o rei do norte virá, e levantará baluartes, e
tomará a cidade forte; e os braços do sul não poderão resistir, nem o seu povo
escolhido, pois não haverá força para resistir.
16 O que, pois, há de vir contra ele fará segundo a sua
vontade, e ninguém poderá resistir diante dele; e estará na terra gloriosa, e
por sua mão haverá destruição.
17 E dirigirá o seu rosto, para vir com a potência de
todo o seu reino, e com ele os retos, assim ele fará; e lhe dará uma filha das
mulheres, para corrompê-la; ela, porém, não subsistirá, nem será para ele.
18 Depois virará o seu rosto para as ilhas, e tomará
muitas; mas um príncipe fará cessar o seu opróbrio contra ele, e ainda fará
recair sobre ele o seu opróbrio.
19 Virará então o seu rosto para as fortalezas da sua
própria terra, mas tropeçará, e cairá, e não será achado.
20 E em seu lugar se levantará quem fará passar um
arrecadador pela glória do reino; mas em poucos dias será quebrantado, e isto
sem ira e sem batalha.
21 Depois se levantará em seu lugar um homem vil, ao
qual não tinham dado a dignidade real; mas ele virá caladamente, e tomará o
reino com engano.
22 E com os braços de uma inundação serão varridos de
diante dele; e serão quebrantados, como também o príncipe da aliança.
23 E, depois do concerto com ele, usará de engano; e
subirá, e se tornará forte com pouca gente.
24 Virá também caladamente aos lugares mais férteis da
província, e fará o que nunca fizeram seus pais, nem os pais de seus pais;
repartirá entre eles a presa e os despojos, e os bens, e formará os seus
projetos contra as fortalezas, mas por certo tempo.
25 E suscitará a sua força e a sua coragem contra o rei
do sul com um grande exército; e o rei do sul se envolverá na guerra com um
grande e mui poderoso exército; mas não subsistirá, porque maquinarão projetos
contra ele.
26 E os que comerem os seus alimentos o destruirão; e o
exército dele será arrazado, e cairão muitos mortos.
27 Também estes dois reis terão o coração atento para
fazerem o mal, e a uma mesma mesa falarão a mentira; mas isso não prosperará,
porque ainda verá o fim no tempo determinado.
28 Então tornará para a sua terra com muitos bens, e o
seu coração será contra a santa aliança; e fará o que lhe aprouver, e tornará
para a sua terra.
29 No tempo determinado tornará a vir em direção do
sul; mas não será na última vez como foi na primeira.
30 Porque virão contra ele navios de Quitim, que lhe
causarão tristeza; e voltará, e se indignará contra a santa aliança, e fará o
que lhe aprouver; voltará e atenderá aos que tiverem abandonado a santa
aliança.
31 E braços serão colocados sobre ele, que profanarão o
santuário e a fortaleza, e tirarão o sacrifício contínuo, estabelecendo
abominação desoladora.
32 E aos violadores da aliança ele com lisonjas
perverterá, mas o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e fará proezas.
33 E os entendidos entre o povo ensinarão a muitos;
todavia cairão pela espada, e pelo fogo, e pelo cativeiro, e pelo roubo, por
muitos dias.
34 E, caindo eles, serão ajudados com pequeno socorro;
mas muitos se ajuntarão a eles com lisonjas.
35 E alguns dos entendidos cairão, para serem provados,
purificados, e embranquecidos, até ao fim do tempo, porque será ainda para o
tempo determinado.
36 E este rei fará conforme a sua vontade, e
levantar-se-á, e engrandecer-se-á sobre todo deus; e contra o Deus dos deuses
falará coisas espantosas, e será próspero, até que a ira se complete; porque
aquilo que está determinado será feito.
37 E não terá respeito ao Deus de seus pais, nem terá
respeito ao amor das mulheres, nem a deus algum, porque sobre tudo se
engrandecerá.
38 Mas em seu lugar honrará a um deus das forças; e a
um deus a quem seus pais não conheceram honrará com ouro, e com prata, e com
pedras preciosas, e com coisas agradáveis.
39 Com o auxílio de um deus estranho agirá contra as
poderosas fortalezas; aos que o reconhecerem multiplicará a honra, e os fará
reinar sobre muitos, e repartirá a terra por preço.
40 E, no fim do tempo, o rei do sul lutará com ele, e o
rei do norte se levantará contra ele com carros, e com cavaleiros, e com muitos
navios; e entrará nas suas terras e as inundará, e passará.
41 E entrará na terra gloriosa, e muitos países cairão,
mas da sua mão escaparão estes: Edom e Moabe, e os chefes dos filhos de Amom.
42 E estenderá a sua mão contra os países, e a terra do
Egito não escapará.
43 E apoderar-se-á dos tesouros de ouro e de prata e de
todas as coisas preciosas do Egito; e os líbios e os etíopes o seguirão.
44 Mas os rumores do oriente e do norte o espantarão; e
sairá com grande furor, para destruir e extirpar a muitos.
45 E armará as tendas do seu palácio entre o mar grande
e o monte santo e glorioso; mas chegará ao seu fim, e não haverá quem o
socorra.
DANIEL Capítulo 12
1 E naquele tempo se levantará Miguel, o grande
príncipe, que se levanta a favor dos filhos do teu povo, e haverá um tempo de
angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas naquele
tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que for achado escrito no livro.
2 E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão,
uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.
3 Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o
fulgor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça, como as estrelas
sempre e eternamente.
4 E tu, Daniel, encerra estas palavras e sela este
livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e o
conhecimento se multiplicará.
5 Então eu, Daniel, olhei, e eis que estavam em pé
outros dois, um deste lado, à beira do rio, e o outro do outro lado, à beira do
rio.
6 E ele disse ao homem vestido de linho, que estava
sobre as águas do rio: Quando será o fim destas maravilhas?
7 E ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as
águas do rio, o qual levantou ao céu a sua mão direita e a sua mão esquerda, e
jurou por aquele que vive eternamente que isso seria para um tempo, tempos e
metade do tempo, e quando tiverem acabado de espalhar o poder do povo santo,
todas estas coisas serão cumpridas.
8 Eu, pois, ouvi, mas não entendi; por isso eu disse:
Senhor meu, qual será o fim destas coisas?
9 E ele disse: Vai, Daniel, porque estas palavras estão
fechadas e seladas até ao tempo do fim.
10 Muitos serão purificados, e embranquecidos, e
provados; mas os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá,
mas os sábios entenderão.
11 E desde o tempo em que o sacrifício contínuo for
tirado, e posta a abominação desoladora, haverá mil duzentos e noventa dias.
12 Bem-aventurado o que espera e chega até mil
trezentos e trinta e cinco dias.
13 Tu, porém, vai até ao fim; porque descansarás, e te
levantarás na tua herança, no fim dos dias.
LIVRO DE OSÉIAS
OSÉIAS Capítulo 1
1 Palavra do SENHOR, que foi dirigida a Oséias, filho
de Beeri, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz, Ezequias, reis de Judá, e nos dias de
Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel.
2 O princípio da palavra do SENHOR por meio de Oséias.
Disse, pois, o SENHOR a Oséias: Vai, toma uma mulher de prostituições, e filhos
de prostituição; porque a terra certamente se prostitui, desviando-se do
SENHOR.
3 Foi, pois, e tomou a Gómer, filha de Diblaim, e ela
concebeu, e lhe deu um filho.
4 E disse-lhe o SENHOR: Põe-lhe o nome de Jizreel;
porque daqui a pouco visitarei o sangue de Jizreel sobre a casa de Jeú, e farei
cessar o reino da casa de Israel.
5 E naquele dia quebrarei o arco de Israel no vale de
Jizreel.
6 E tornou ela a conceber, e deu à luz uma filha. E
Deus disse: Põe-lhe o nome de Lo-Ruama; porque eu não tornarei mais a
compadecer-me da casa de Israel, mas tudo lhe tirarei.
7 Mas da casa de Judá me compadecerei, e os salvarei
pelo SENHOR seu Deus, pois não os salvarei pelo arco, nem pela espada, nem pela
guerra, nem pelos cavalos, nem pelos cavaleiros.
8 E, depois de haver desmamado a Lo-Ruama, concebeu e
deu à luz um filho.
9 E Deus disse: Põe-lhe o nome de Lo-Ami; porque vós
não sois meu povo, nem eu serei vosso Deus.
10 Todavia o número dos filhos de Israel será como a
areia do mar, que não pode medir-se nem contar-se; e acontecerá que no lugar
onde se lhes dizia: Vós não sois meu povo, se lhes dirá: Vós sois filhos do
Deus vivo.
11 E os filhos de Judá e os filhos de Israel juntos se
congregarão, e constituirão sobre si uma só cabeça, e subirão da terra; porque
grande será o dia de Jizreel.
OSÉIAS Capítulo 2
1 Dizei a vossos irmãos: Ami; e a vossas irmãs: Ruama.
2 Contendei com vossa mãe, contendei, porque ela não é
minha mulher, e eu não sou seu marido; e desvie ela as suas prostituições da
sua vista e os seus adultérios de entre os seus seios.
3 Para que eu não a despoje, ficando ela nua, e a ponha
como no dia em que nasceu, e a faça como um deserto, e a torne como uma terra
seca, e a mate à sede;
4 E não me compadeça de seus filhos, porque são filhos
de prostituições.
5 Porque sua mãe se prostituiu; aquela que os concebeu
houve-se torpemente, porque diz: Irei atrás de meus amantes, que me dão o meu
pão e a minha água, a minha lã e o meu linho, o meu óleo e as minhas bebidas.
6 Portanto, eis que cercarei o teu caminho com
espinhos; e levantarei um muro de sebe, para que ela não ache as suas veredas.
7 Ela irá atrás de seus amantes, mas não os alcançará;
e buscá-los-á, mas não os achará; então dirá: Ir-me-ei, e tornar-me-ei a meu
primeiro marido, porque melhor me ia então do que agora.
8 Ela, pois, não reconhece que eu lhe dei o grão, e o
mosto, e o azeite, e que lhe multipliquei a prata e o ouro, que eles usaram
para Baal.
9 Portanto tornarei a tirar o meu grão a seu tempo e o
meu mosto no seu tempo determinado; e arrebatarei a minha lã e o meu linho, com
que cobriam a sua nudez.
10 E agora descobrirei a sua vileza diante dos olhos
dos seus amantes, e ninguém a livrará da minha mão.
11 E farei cessar todo o seu gozo, as suas festas, as
suas luas novas, e os seus sábados, e todas as suas festividades.
12 E devastarei a sua vide e a sua figueira, de que ela
diz: É esta a minha paga que me deram os meus amantes; eu, pois, farei delas um
bosque, e as feras do campo as devorarão.
13 Castigá-la-ei pelos dias dos Baalins, nos quais lhes
queimou incenso, e se adornou dos seus pendentes e das suas joias, e andou
atrás de seus amantes, mas de mim se esqueceu, diz o SENHOR.
14 Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para o
deserto, e lhe falarei ao coração.
15 E lhe darei as suas vinhas dali, e o vale de Acor,
por porta de esperança; e ali cantará, como nos dias de sua mocidade, e como no
dia em que subiu da terra do Egito.
16 E naquele dia, diz o SENHOR, tu me chamarás: Meu
marido; e não mais me chamarás: Meu senhor.
17 E da sua boca tirarei os nomes dos Baalins, e não
mais se lembrará desses nomes.
18 E naquele dia farei por eles aliança com as feras do
campo, e com as aves do céu, e com os répteis da terra; e da terra quebrarei o
arco, e a espada, e a guerra, e os farei deitar em segurança.
19 E desposar-te-ei comigo para sempre; desposar-te-ei
comigo em justiça, e em juízo, e em benignidade, e em misericórdias.
20 E desposar-te-ei comigo em fidelidade, e conhecerás
ao SENHOR.
21 E acontecerá naquele dia que eu atenderei, diz o
SENHOR; eu atenderei aos céus, e estes atenderão à terra.
22 E a terra atenderá ao trigo, e ao mosto, e ao
azeite, e estes atenderão a Jizreel.
23 E semeá-la-ei para mim na terra, e compadecer-me-ei
dela que não obteve misericórdia; e eu direi àquele que não era meu povo: Tu és
meu povo; e ele dirá: Tu és meu Deus!
OSÉIAS Capítulo 3
1 E o SENHOR me disse: Vai outra vez, ama uma mulher,
amada de seu amigo, contudo adúltera, como o SENHOR ama os filhos de Israel,
embora eles olhem para outros deuses, e amem os bolos de uvas.
2 E comprei-a para mim por quinze peças de prata, e um
ómer, e meio ómer de cevada;
3 E ele lhe disse: Tu ficarás comigo muitos dias; não
te prostituirás, nem serás de outro homem; assim também eu esperarei por ti.
4 Porque os filhos de Israel ficarão por muitos dias
sem rei, e sem príncipe, e sem sacrifício, e sem estátua, e sem éfode ou
terafim.
5 Depois tornarão os filhos de Israel, e buscarão ao
SENHOR seu Deus, e a Davi, seu rei; e temerão ao SENHOR, e à sua bondade, no
fim dos dias.
OSÉIAS Capítulo 4
1 Ouvi a palavra do SENHOR, vós filhos de Israel,
porque o SENHOR tem uma contenda com os habitantes da terra; porque na terra
não há verdade, nem benignidade, nem conhecimento de Deus.
2 Só permanecem o perjurar, o mentir, o matar, o furtar
e o adulterar; fazem violência, um ato sanguinário segue imediatamente a outro.
3 Por isso a terra se lamentará, e qualquer que morar
nela desfalecerá, com os animais do campo e com as aves do céu; e até os peixes
do mar serão tirados.
4 Todavia ninguém contenda, ninguém repreenda, porque o
teu povo é como os que contendem com o sacerdote.
5 Por isso tropeçarás de dia, e o profeta contigo
tropeçará de noite; e destruirei a tua mãe.
6 O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o
conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei,
para que não sejas sacerdote diante de mim; e, visto que te esqueceste da lei
do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos.
7 Como eles se multiplicaram, assim pecaram contra mim;
eu mudarei a sua honra em vergonha.
8 Comem da oferta pelo pecado do meu povo, e pela
transgressão dele têm desejo ardente.
9 Por isso, como é o povo, assim será o sacerdote; e
castigá-lo-ei segundo os seus caminhos, e dar-lhe-ei a recompensa das suas
obras.
10 Comerão, mas não se fartarão; entregar-se-ão à
luxúria, mas não se multiplicarão; porque deixaram de atentar ao SENHOR.
11 A luxúria, e o vinho, e o mosto tiram o coração.
12 O meu povo consulta a sua madeira, e a sua vara lhe
responde, porque o espírito da luxúria os engana, e prostituem-se, apartando-se
da sujeição do seu Deus.
13 Sacrificam sobre os cumes dos montes, e queimam
incenso sobre os outeiros, debaixo do carvalho, e do álamo, e do olmeiro,
porque é boa a sua sombra; por isso vossas filhas se prostituem, e as vossas
noras adulteram.
14 Eu não castigarei vossas filhas, quando se
prostituem, nem vossas noras, quando adulteram; porque eles mesmos com as
prostitutas se desviam, e com as meretrizes sacrificam; pois o povo que não tem
entendimento será transtornado.
15 Ainda que tu, ó Israel, queiras prostituir-te,
contudo não se faça culpado Judá; não venhais a Gilgal, e não subais a
Bete-Aven, e não jureis, dizendo: Vive o SENHOR.
16 Porque como uma novilha obstinada se rebelou Israel;
agora o SENHOR os apascentará como a um cordeiro num lugar espaçoso.
17 Efraim está entregue aos ídolos; deixa-o.
18 A sua bebida se foi; lançaram-se à luxúria
continuamente; certamente os seus governadores amam a vergonha.
19 Um vento os envolveu nas suas asas, e
envergonhar-se-ão por causa dos seus sacrifícios.
OSÉIAS Capítulo 5
1 Ouvi isto, ó sacerdotes, e escutai, ó casa de Israel,
e dai ouvidos, ó casa do rei, porque contra vós se dirige este juízo, visto que
fostes um laço para Mizpá, e rede estendida sobre o Tabor.
2 Os revoltos se aprofundaram na matança; mas eu
castigarei a todos eles.
3 Eu conheço a Efraim, e Israel não se esconde de mim;
porque agora te tens prostituído, ó Efraim, e Israel se contaminou.
4 Não querem ordenar as suas ações a fim de voltarem
para o seu Deus, porque o espírito das prostituições está no meio deles, e não
conhecem ao SENHOR.
5 A soberba de Israel testificará no seu rosto; e
Israel e Efraim cairão pela sua injustiça, e Judá cairá juntamente com eles.
6 Então irão com os seus rebanhos, e com o seu gado,
para buscarem ao SENHOR, mas não o acharão; ele se retirou deles.
7 Aleivosamente se houveram contra o SENHOR, porque
geraram filhos estranhos; agora em um só mês os consumirá com as suas porções.
8 Tocai a buzina em Gibeá, a trombeta em Ramá; gritai
altamente em Bete-Aven; depois de ti, ó Benjamim.
9 Efraim será para assolação no dia do castigo; entre
as tribos de Israel manifestei o que está certo.
10 Os príncipes de Judá são como os que mudam os
limites; derramarei, pois, o meu furor sobre eles como água.
11 Efraim está oprimido e quebrantado no juízo, porque
quis andar após o mandamento dos homens.
12 Portanto a Efraim serei como a traça, e para a casa
de Judá como a podridão.
13 Quando Efraim viu a sua enfermidade, e Judá a sua
chaga, subiu Efraim à Assíria e enviou ao rei Jarebe; mas ele não poderá
sarar-vos, nem curar a vossa chaga.
14 Porque para Efraim serei como um leão, e como um
leãozinho à casa de Judá: eu, eu o despedaçarei, e ir-me-ei embora;
arrebatarei, e não haverá quem livre.
15 Irei e voltarei ao meu lugar, até que se reconheçam
culpados e busquem a minha face; estando eles angustiados, de madrugada me
buscarão.
OSÉIAS Capítulo 6
1 Vinde, e tornemos ao SENHOR, porque ele despedaçou, e
nos sarará; feriu, e nos atará a ferida.
2 Depois de dois dias nos dará a vida; ao terceiro dia
nos ressuscitará, e viveremos diante dele.
3 Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao
SENHOR; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como
chuva seródia que rega a terra.
4 Que te farei, ó Efraim? Que te farei, ó Judá? Porque
a vossa benignidade é como a nuvem da manhã e como o orvalho da madrugada, que
cedo passa.
5 Por isso os abati pelos profetas; pelas palavras da
minha boca os matei; e os teus juízos sairão como a luz,
6 Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e
o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos.
7 Mas eles transgrediram a aliança, como Adão; eles se
portaram aleivosamente contra mim.
8 Gileade é a cidade dos que praticam iniqüidade,
manchada de sangue.
9 Como as hordas de salteadores que esperam alguns,
assim é a companhia dos sacerdotes que matam no caminho num mesmo consenso;
sim, eles cometem abominações.
10 Vejo uma coisa horrenda na casa de Israel, ali está
a prostituição de Efraim; Israel está contaminado.
11 Também para ti, ó Judá, está assinada uma sega,
quando eu trouxer o cativeiro do meu povo.
OSÉIAS Capítulo 7
1 Sarando eu a Israel, se descobriu a iniqüidade de
Efraim, como também as maldades de Samaria, porque praticaram a falsidade; e o
ladrão entra, e a horda dos salteadores despoja por fora.
2 E não dizem no seu coração que eu me lembro de toda a
sua maldade; agora, pois, os cercam as suas obras; diante da minha face estão.
3 Com a sua malícia alegram ao rei, e com as suas mentiras
aos príncipes.
4 Todos eles são adúlteros; são semelhantes ao forno
aceso pelo padeiro, que cessa de mexer nas brasas, depois que amassou a massa,
até que seja levedada.
5 E no dia do nosso rei os príncipes se tornaram
doentes com frascos de vinho; ele estendeu a sua mão com os escarnecedores.
6 Porque, prepararam o coração como um forno, na sua
emboscada; toda a noite dorme o seu padeiro, pela manhã arde como fogo de
chama.
7 Todos eles estão quentes como um forno, e consomem os
seus juízes; todos os seus reis caem, ninguém entre eles há que me invoque.
8 Efraim se mistura com os povos; Efraim é um bolo que
não foi virado.
9 Estrangeiros lhe comeram a força, e ele não o sabe;
também as cãs se espalharam sobre ele, e não o sabe.
10 E a soberba de Israel testificará diante dele;
todavia não voltarão para o SENHOR seu Deus, nem o buscarão em tudo isto.
11 Porque Efraim é como uma pomba ingênua, sem
entendimento; invocam o Egito, vão para a Assíria.
12 Quando forem, sobre eles estenderei a minha rede, e
como aves do céu os farei descer; castigá-los-ei, conforme o que eles têm
ouvido na sua congregação.
13 Ai deles, porque fugiram de mim; destruição sobre
eles, porque se rebelaram contra mim; eu os remi, mas disseram mentiras contra
mim.
14 E não clamaram a mim com seu coração, mas davam
uivos nas suas camas; para o trigo e para o vinho se ajuntam, mas contra mim se
rebelam.
15 Eu os corrigi, e lhes esforcei os braços, mas pensam
mal contra mim.
16 Eles voltaram, mas não para o Altíssimo. Fizeram-se
como um arco enganador; caem à espada os seus príncipes, por causa do furor da
sua língua; este será o seu escárnio na terra do Egito.
OSÉIAS Capítulo 8
1 Põe a trombeta à tua boca. Ele virá como a águia
contra a casa do SENHOR, porque transgrediram a minha aliança, e se rebelaram
contra a minha lei.
2 E a mim clamarão: Deus meu! Nós, Israel, te
conhecemos.
3 Israel rejeitou o bem; o inimigo persegui-lo-á.
4 Eles fizeram reis, mas não por mim; constituíram
príncipes, mas eu não o soube; da sua prata e do seu ouro fizeram ídolos para
si, para serem destruídos.
5 O teu bezerro, ó Samaria, te rejeitou; a minha ira se
acendeu contra eles; até quando serão eles incapazes da inocência?
6 Porque isso vem de Israel, um artífice o fez, e não é
Deus; mas em pedaços será desfeito o bezerro de Samaria.
7 Porque semearam vento, e segarão tormenta, não haverá
seara, a erva não dará farinha; se a der, tragá-la-ão os estrangeiros.
8 Israel foi devorado; agora está entre os gentios como
um vaso em que ninguém tem prazer.
9 Porque subiram à Assíria, como um jumento montês, por
si só; Efraim mercou amores.
10 Todavia, ainda que eles merquem entre as nações, eu
os congregarei; e serão um pouco afligidos por causa da carga do rei dos
príncipes.
11 Porquanto Efraim multiplicou os altares para pecar;
teve altares para pecar.
12 Escrevi-lhe as grandezas da minha lei, porém essas
são estimadas como coisa estranha.
13 Quanto aos sacrifícios das minhas ofertas,
sacrificam carne, e a comem, mas o SENHOR não as aceita; agora se lembrará da
sua iniqüidade, e punirá os seus pecados; eles voltarão para o Egito.
14 Porque Israel se esqueceu do seu Criador, e edificou
templos, e Judá multiplicou cidades fortificadas. Mas eu enviarei um fogo
contra as suas cidades, que consumirá os seus palácios.
OSÉIAS Capítulo 9
1 Não te alegres, ó Israel, não exultes, como os povos;
porque ao prostituir-te abandonaste o teu Deus; amaste a paga de meretriz sobre
todas as eiras de trigo.
2 A eira e o lagar não os manterão; e o mosto lhes
faltará.
3 Na terra do SENHOR não permanecerão; mas Efraim
tornará ao Egito, e na Assíria comerão comida imunda.
4 Não derramarão libações de vinho ao SENHOR, nem lhe
agradarão as suas ofertas. Os seus sacrifícios lhes serão como pão de
pranteadores; todos os que dele comerem serão imundos, porque o seu pão será
somente para si mesmos; não entrará na casa do SENHOR.
5 Que fareis vós no dia da solenidade, e no dia da
festa do SENHOR?
6 Porque, eis que eles se foram por causa da
destruição, mas o Egito os recolherá, Mênfis os sepultará; o desejável da sua
prata as urtigas o possuirão por herança, espinhos crescerão nas suas tendas.
7 Chegarão os dias da punição, chegarão os dias da
retribuição; Israel o saberá; o profeta é um insensato, o homem de espírito é
um louco; por causa da abundáncia da tua iniqüidade também haverá grande ódio.
8 Efraim era o vigia com o meu Deus, mas o profeta é
como um laço de caçador de aves em todos os seus caminhos, e ódio na casa do
seu Deus.
9 Muito profundamente se corromperam, como nos dias de
Gibeá; ele lembrar-se-á das suas injustiças, visitará os pecados deles.
10 Achei a Israel como uvas no deserto, vi a vossos
pais como a fruta temporã da figueira no seu princípio; mas eles foram para
Baal-Peor, e se consagraram a essa vergonha, e se tornaram abomináveis como
aquilo que amaram.
11 Quanto a Efraim, a sua glória como ave voará, não
haverá nascimento, não haverá gestação nem concepção.
12 Ainda que venham a criar seus filhos, contudo os
privarei deles para que não fique nenhum homem. Ai deles, quando deles eu me
apartar!
13 Efraim, assim como vi a Tiro, está plantado num
lugar aprazível; mas Efraim levará os seus filhos ao matador.
14 Dá-lhes, ó SENHOR; mas que lhes darás? Dá-lhes uma
madre que aborte e seios secos.
15 Toda a sua malícia se acha em Gilgal, porque ali os
odiei; por causa da maldade das suas obras lançá-los-ei para fora de minha
casa. Não os amarei mais; todos os seus príncipes são rebeldes.
16 Efraim foi ferido, secou-se a sua raiz; não darão
fruto; sim, ainda que gerem, matarei os frutos desejáveis do seu ventre.
17 O meu Deus os rejeitará, porque não o ouviram, e
errantes andarão entre as nações.
OSÉIAS Capítulo 10
1 Israel é uma vide estéril que dá fruto para si mesmo;
conforme a abundáncia do seu fruto, multiplicou também os altares; conforme a
bondade da sua terra, assim, fizeram boas as estátuas.
2 O seu coração está dividido, por isso serão culpados;
o Senhor demolirá os seus altares, e destruirá as suas estátuas.
3 Certamente agora dirão: Não temos rei, porque não
tememos ao SENHOR; e o rei, que faria por nós?
4 Falaram palavras, jurando falsamente, fazendo uma
aliança; por isso florescerá o juízo como erva peçonhenta nos sulcos dos
campos.
5 Os moradores de Samaria serão atemorizados pelo
bezerro de Bete-Aven; porque o seu povo se lamentará por causa dele, como
também os seus sacerdotes idólatras que nele regozijavam, por causa da sua
glória, que se apartou dela.
6 Também será levada para a Assíria como um presente ao
rei Jarebe; Efraim ficará confuso, e Israel se envergonhará por causa do seu
próprio conselho.
7 O rei de Samaria será desfeito como a espuma sobre a
face da água.
8 E os altos de Aven, pecado de Israel, serão
destruídos; espinhos e cardos crescerão sobre os seus altares; e dirão aos
montes: Cobri-nos! E aos outeiros: Caí sobre nós!
9 Desde os dias de Gibeá pecaste, ó Israel; ali
permaneceram; a peleja em Gibeá, contra os filhos da perversidade, não os
alcançará.
10 Eu os castigarei na medida do meu desejo; e
congregar-se-ão contra eles os povos, quando eu os atar pela sua dupla
transgressão.
11 Porque Efraim é uma bezerra domada, que gosta de
trilhar; e eu poupava a formosura do seu pescoço; mas farei cavalgar Efraim.
Judá lavrará, Jacó lhe desfará os torrões.
12 Semeai para vós em justiça, ceifai segundo a
misericórdia; lavrai o campo de lavoura; porque é tempo de buscar ao SENHOR,
até que venha e chova a justiça sobre vós.
13 Lavrastes a impiedade, segastes a iniqüidade, e
comestes o fruto da mentira; porque confiaste no teu caminho, na multidão dos
teus poderosos.
14 Portanto, entre o teu povo se levantará um grande
tumulto, e todas as tuas fortalezas serão destruídas, como Salmã destruiu a
Bete-Arbel no dia da guerra; a mãe ali foi despedaçada com os filhos.
15 Assim vos fará Betel por causa da vossa grande
malícia; de madrugada o rei de Israel será totalmente destruído.
OSÉIAS Capítulo 11
1 Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito
chamei a meu filho.
2 Mas, como os chamavam, assim se iam da sua face;
sacrificavam a baalins, e queimavam incenso às imagens de escultura.
3 Todavia, eu ensinei a andar a Efraim; tomando-os
pelos seus braços, mas não entenderam que eu os curava.
4 Atraí-os com cordas humanas, com laços de amor, e fui
para eles como os que tiram o jugo de sobre as suas queixadas, e lhes dei
mantimento.
5 Não voltará para a terra do Egito, mas a Assíria será
seu rei; porque recusam converter-se.
6 E cairá a espada sobre as suas cidades, e consumirá
os seus ramos, e os devorará, por causa dos seus próprios conselhos.
7 Porque o meu povo é inclinado a desviar-se de mim;
ainda que chamam ao Altíssimo, nenhum deles o exalta.
8 Como te deixaria, ó Efraim? Como te entregaria, ó
Israel? Como te faria como Admá? Te poria como Zeboim? Está comovido em mim o
meu coração, as minhas compaixões à uma se acendem.
9 Não executarei o furor da minha ira; não voltarei
para destruir a Efraim, porque eu sou Deus e não homem, o Santo no meio de ti;
eu não entrarei na cidade.
10 Andarão após o SENHOR; ele rugirá como leão;
rugindo, pois, ele, os filhos do ocidente tremerão.
11 Tremendo virão como um passarinho, os do Egito, e
como uma pomba, os da terra da Assíria, e os farei habitar em suas casas, diz o
SENHOR.
12 Efraim me cercou com mentira, e a casa de Israel com
engano; mas Judá ainda domina com Deus, e com os santos está fiel.
OSÉIAS Capítulo 12
1 Efraim se apascenta de vento, e segue o vento leste;
todo o dia multiplica a mentira e a destruição; e fazem aliança com a Assíria,
e o azeite se leva ao Egito.
2 O SENHOR também com Judá tem contenda, e castigará
Jacó segundo os seus caminhos; segundo as suas obras o recompensará.
3 No ventre pegou do calcanhar de seu irmão, e na sua
força lutou com Deus.
4 Lutou com o anjo, e prevaleceu; chorou, e lhe
suplicou; em Betel o achou, e ali falou conosco,
5 Sim, o SENHOR, o Deus dos Exércitos; o SENHOR é o seu
memorial.
6 Tu, pois, converte-te a teu Deus; guarda a
benevolência e o juízo, e em teu Deus espera sempre.
7 E um mercador; tem nas mãos uma balança enganosa; ama
a opressão.
8 E diz Efraim: Contudo me tenho enriquecido, e tenho
adquirido para mim grandes bens; em todo o meu trabalho não acharão em mim
iniqüidade alguma que seja pecado.
9 Mas eu sou o SENHOR teu Deus desde a terra do Egito;
eu ainda te farei habitar em tendas, como nos dias da festa solene.
10 Falei aos profetas, e multipliquei a visão; e pelo
ministério dos profetas propus símiles.
11 Não é Gileade iniqüidade? Pura vaidade são eles; em
Gilgal sacrificam bois; os seus altares são como montões de pedras nos sulcos
dos campos.
12 Jacó fugiu para o campo da Síria, e Israel serviu
por uma mulher, e por uma mulher guardou o gado.
13 Mas o SENHOR por meio de um profeta fez subir a
Israel do Egito, e por um profeta foi ele guardado.
14 Efraim mui amargosamente provocou a sua ira;
portanto deixará ficar sobre ele o seu sangue, e o seu Senhor o recompensará
pelo seu opróbrio.
OSÉIAS Capítulo 13
1 Quando Efraim falava, tremia-se; foi exaltado em
Israel; mas ele se fez culpado em Baal, e morreu.
2 E agora multiplicaram pecados, e da sua prata fizeram
uma imagem de fundição, ídolos segundo o seu entendimento, todos obra de
artífices, dos quais dizem: Os homens que sacrificam beijem os bezerros.
3 Por isso serão como a nuvem da manhã, e como o
orvalho da madrugada, que cedo passa; como folhelho que a tempestade lança da
eira, e como a fumaça da chaminé.
4 Todavia, eu sou o SENHOR teu Deus desde a terra do
Egito; portanto não reconhecerás outro deus além de mim, porque não há Salvador
senão eu.
5 Eu te conheci no deserto, na terra muito seca.
6 Depois eles se fartaram em proporção do seu pasto;
estando fartos, ensoberbeceu-se o seu coração, por isso se esqueceram de mim.
7 Serei, pois, para eles como leão; como leopardo
espiarei no caminho.
8 Como ursa roubada dos seus filhos, os encontrarei, e
lhes romperei as teias do seu coração, e como leão ali os devorarei; as feras
do campo os despedaçarão.
9 Para a tua perda, ó Israel, te rebelaste contra mim,
a saber, contra o teu ajudador.
10 Onde está agora o teu rei, para que te guarde em
todas as tuas cidades, e os teus juízes, dos quais disseste: Dá-me rei e
príncipes?
11 Dei-te um rei na minha ira, e tirei-o no meu furor.
12 A iniqüidade de Efraim está atada, o seu pecado está
armazenado.
13 Dores de mulher de parto lhe sobrevirão; ele é um filho
insensato; porque é tempo e não está no lugar em que deve vir à luz.
14 Eu os remirei da mão do inferno, e os resgatarei da
morte. Onde estão, ó morte, as tuas pragas? Onde está, ó inferno, a tua
perdição? O arrependimento está escondido de meus olhos.
15 Ainda que ele dê fruto entre os irmãos, virá o vento
leste, vento do SENHOR, subindo do deserto, e secar-se-á a sua nascente, e
secar-se-á a sua fonte; ele saqueará o tesouro de todos os vasos desejáveis.
16 Samaria virá a ser deserta, porque se rebelou contra
o seu Deus; cairão à espada, seus filhos serão despedaçados, e as suas grávidas
serão fendidas pelo meio.
OSÉIAS Capítulo 14
1 Converte-te, ó Israel, ao SENHOR teu Deus; porque
pelos teus pecados tens caído.
2 Tomai convosco palavras, e convertei-vos ao SENHOR;
dizei-lhe: Tira toda a iniqüidade, e aceita o que é bom; e ofereceremos como
novilhos os sacrifícios dos nossos lábios.
3 Não nos salvará a Assíria, não iremos montados em
cavalos, e à obra das nossas mãos já não diremos mais: Tu és o nosso deus;
porque por ti o órfão alcança misericórdia.
4 Eu sararei a sua infidelidade, eu voluntariamente os
amarei; porque a minha ira se apartou deles.
5 Eu serei para Israel como o orvalho. Ele florescerá
como o lírio e lançará as suas raízes como o Líbano.
6 Estender-se-ão os seus galhos, e a sua glória será
como a da oliveira, e sua fragráncia como a do Líbano.
7 Voltarão os que habitam debaixo da sua sombra; serão
vivificados como o trigo, e florescerão como a vide; a sua memória será como o
vinho do Líbano.
8 Efraim dirá: Que mais tenho eu com os ídolos? Eu o
tenho ouvido, e cuidarei dele; eu sou como a faia verde; de mim é achado o teu
fruto.
9 Quem é sábio, para que entenda estas coisas? Quem é
prudente, para que as saiba? Porque os caminhos do SENHOR são retos, e os
justos andarão neles, mas os transgressores neles cairão.
LIVRO DE JOEL
JOEL Capítulo 1
1 Palavra do SENHOR, que foi dirigida a Joel, filho de
Petuel.
2 Ouvi isto, vós anciãos, e escutai, todos os moradores
da terra: Porventura isto aconteceu em vossos dias, ou nos dias de vossos pais?
3 Fazei sobre isto uma narração a vossos filhos, e
vossos filhos a seus filhos, e os filhos destes à outra geração.
4 O que ficou da lagarta, o gafanhoto o comeu, e o que
ficou do gafanhoto, a locusta o comeu, e o que ficou da locusta, o pulgão o
comeu.
5 Despertai-vos, bêbados, e chorai; gemei, todos os que
bebeis vinho, por causa do mosto, porque tirado é da vossa boca.
6 Porque subiu contra a minha terra uma nação poderosa
e sem número; os seus dentes são dentes de leão, e têm queixadas de um leão
velho.
7 Fez da minha vide uma assolação, e tirou a casca da
minha figueira; despiu-a toda, e a lançou por terra; os seus sarmentos se
embranqueceram.
8 Lamenta como a virgem que está cingida de saco, pelo
marido da sua mocidade.
9 Foi cortada a oferta de alimentos e a libação da casa
do SENHOR; os sacerdotes, ministros do SENHOR, estão entristecidos.
10 O campo está assolado, e a terra triste; porque o
trigo está destruído, o mosto se secou, o azeite acabou.
11 Envergonhai-vos, lavradores, gemei, vinhateiros,
sobre o trigo e a cevada; porque a colheita do campo pereceu.
12 A vide se secou, a figueira se murchou, a romeira
também, e a palmeira e a macieira; todas as árvores do campo se secaram, e já
não há alegria entre os filhos dos homens.
13 Cingi-vos e lamentai-vos, sacerdotes; gemei,
ministros do altar; entrai e passai a noite vestidos de saco, ministros do meu
Deus; porque a oferta de alimentos, e a libação, foram cortadas da casa de
vosso Deus.
14 Santificai um jejum, convocai uma assembléia solene,
congregai os anciãos, e todos os moradores desta terra, na casa do SENHOR vosso
Deus, e clamai ao SENHOR.
15 Ai do dia! Porque o dia do SENHOR está perto, e virá
como uma assolação do Todo-Poderoso.
16 Porventura o mantimento não está cortado de diante
de nossos olhos, a alegria e o regozijo da casa de nosso Deus?
17 As sementes apodreceram debaixo dos seus torrões, os
celeiros foram assolados, os armazéns derrubados, porque se secou o trigo.
18 Como geme o animal! As manadas de gados estão
confusas, porque não têm pasto; também os rebanhos de ovelhas estão perecendo.
19 A ti, ó SENHOR, clamo, porque o fogo consumiu os
pastos do deserto, e a chama abrasou todas as árvores do campo.
20 Também todos os animais do campo bramam a ti; porque
as correntes de água se secaram, e o fogo consumiu os pastos do deserto.
JOEL Capítulo 2
1 Tocai a trombeta em Sião, e clamai em alta voz no meu
santo monte; tremam todos os moradores da terra, porque o dia do SENHOR vem, já
está perto;
2 Dia de trevas e de escuridão; dia de nuvens e densas
trevas, como a alva espalhada sobre os montes; povo grande e poderoso, qual
nunca houve desde o tempo antigo, nem depois dele haverá pelos anos adiante, de
geração em geração.
3 Diante dele um fogo consome, e atrás dele uma chama
abrasa; a terra diante dele é como o jardim do Éden, mas atrás dele um desolado
deserto; sim, nada lhe escapará.
4 A sua aparência é como a de cavalos; e como
cavaleiros assim correm.
5 Como o estrondo de carros, irão saltando sobre os
cumes dos montes, como o ruído da chama de fogo que consome a pragana, como um
povo poderoso, posto em ordem para o combate.
6 Diante dele temerão os povos; todos os rostos se
tornarão enegrecidos.
7 Como valentes correrão, como homens de guerra subirão
os muros; e marchará cada um no seu caminho e não se desviará da sua fileira.
8 Ninguém apertará a seu irmão; marchará cada um pelo
seu caminho; sobre a mesma espada se arremessarão, e não serão feridos.
9 Irão pela cidade, correrão pelos muros, subirão às
casas, entrarão pelas janelas como o ladrão.
10 Diante dele tremerá a terra, abalar-se-ão os céus; o
sol e a lua se enegrecerão, e as estrelas retirarão o seu resplendor.
11 E o SENHOR levantará a sua voz diante do seu
exército; porque muitíssimo grande é o seu arraial; porque poderoso é,
executando a sua palavra; porque o dia do SENHOR é grande e mui terrível, e
quem o poderá suportar?
12 Ainda assim, agora mesmo diz o SENHOR: Convertei-vos
a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, e com choro, e com pranto.
13 E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e
convertei-vos ao SENHOR vosso Deus; porque ele é misericordioso, e compassivo,
e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal.
14 Quem sabe se não se voltará e se arrependerá, e
deixará após si uma bênção, em oferta de alimentos e libação para o SENHOR
vosso Deus?
15 Tocai a trombeta em Sião, santificai um jejum,
convocai uma assembléia solene.
16 Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai
os anciãos, congregai as crianças, e os que mamam; saia o noivo da sua
recámara, e a noiva do seu aposento.
17 Chorem os sacerdotes, ministros do SENHOR, entre o
alpendre e o altar, e digam: Poupa a teu povo, ó SENHOR, e não entregues a tua
herança ao opróbrio, para que os gentios o dominem; porque diriam entre os
povos: Onde está o seu Deus?
18 Então o SENHOR se mostrou zeloso da sua terra, e
compadeceu-se do seu povo.
19 E o SENHOR, respondendo, disse ao seu povo: Eis que
vos envio o trigo, e o mosto, e o azeite, e deles sereis fartos, e vos não
entregarei mais ao opróbrio entre os gentios.
20 Mas removerei para longe de vós o exército do norte,
e lançá-lo-ei em uma terra seca e deserta; a sua frente para o mar oriental, e
a sua retaguarda para o mar ocidental; e subirá o seu mau cheiro, e subirá a
sua podridão; porque fez grandes coisas.
21 Não temas, ó terra: regozija-te e alegra-te, porque
o SENHOR fez grandes coisas.
22 Não temais, animais do campo, porque os pastos do
deserto reverdecerão, porque o arvoredo dará o seu fruto, a vide e a figueira
darão a sua força.
23 E vós, filhos de Sião, regozijai-vos e alegrai-vos
no SENHOR vosso Deus, porque ele vos dará em justa medida a chuva temporã; fará
descer a chuva no primeiro mês, a temporã e a seródia.
24 E as eiras se encherão de trigo, e os lagares
transbordarão de mosto e de azeite.
25 E restituir-vos-ei os anos que comeu o gafanhoto, a
locusta, e o pulgão e a lagarta, o meu grande exército que enviei contra vós.
26 E comereis abundantemente e vos fartareis, e
louvareis o nome do SENHOR vosso Deus, que procedeu para convosco
maravilhosamente; e o meu povo nunca mais será envergonhado.
27 E vós sabereis que eu estou no meio de Israel, e que
eu sou o SENHOR vosso Deus, e que não há outro; e o meu povo nunca mais será
envergonhado.
28 E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito
sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos
velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões.
29 E também sobre os servos e sobre as servas naqueles
dias derramarei o meu Espírito.
30 E mostrarei prodígios no céu, e na terra, sangue e
fogo, e colunas de fumaça.
31 O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue,
antes que venha o grande e terrível dia do SENHOR.
32 E há de ser que todo aquele que invocar o nome do
SENHOR será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim
como disse o SENHOR, e entre os sobreviventes, aqueles que o SENHOR chamar.
JOEL Capítulo 3
1 Porque, eis que naqueles dias, e naquele tempo, em
que removerei o cativeiro de Judá e de Jerusalém,
2 Congregarei todas as nações, e as farei descer ao
vale de Jeosafá; e ali com elas entrarei em juízo, por causa do meu povo, e da
minha herança, Israel, a quem elas espalharam entre as nações e repartiram a
minha terra.
3 E lançaram sortes sobre o meu povo, e deram um menino
por uma meretriz, e venderam uma menina por vinho, para beberem.
4 E também que tendes vós comigo, Tiro e Sidom, e todas
as regiões da Filístia? É tal o pago que vós me dais? Pois se me pagais assim,
bem depressa vos farei tornar a vossa paga sobre a vossa cabeça.
5 Visto como levastes a minha prata e o meu ouro, e as
minhas coisas desejáveis e formosas pusestes nos vossos templos.
6 E vendestes os filhos de Judá e os filhos de
Jerusalém aos filhos dos gregos, para os apartar para longe dos seus termos.
7 Eis que eu os suscitarei do lugar para onde os
vendestes, e farei tornar a vossa paga sobre a vossa própria cabeça.
8 E venderei vossos filhos e vossas filhas na mão dos
filhos de Judá, que os venderão aos sabeus, a um povo distante, porque o SENHOR
o disse.
9 Proclamai isto entre os gentios; preparai a guerra,
suscitai os fortes; cheguem-se, subam todos os homens de guerra.
10 Forjai espadas das vossas enxadas, e lanças das
vossas foices; diga o fraco: Eu sou forte.
11 Ajuntai-vos, e vinde, todos os gentios em redor, e
congregai-vos. O SENHOR, faze descer ali os teus fortes;
12 Suscitem-se os gentios, e subam ao vale de Jeosafá;
pois ali me assentarei para julgar todos os gentios em redor.
13 Lançai a foice, porque já está madura a seara;
vinde, descei, porque o lagar está cheio, e os vasos dos lagares transbordam,
porque a sua malícia é grande.
14 Multidões, multidões no vale da decisão; porque o
dia do SENHOR está perto, no vale da decisão.
15 O sol e a lua enegrecerão, e as estrelas retirarão o
seu resplendor.
16 E o SENHOR bramará de Sião, e de Jerusalém fará
ouvir a sua voz; e os céus e a terra tremerão, mas o SENHOR será o refúgio do
seu povo, e a fortaleza dos filhos de Israel.
17 E vós sabereis que eu sou o SENHOR vosso Deus, que
habito em Sião, o meu santo monte; e Jerusalém será santa; estranhos não
passarão mais por ela.
18 E há de ser que, naquele dia, os montes destilarão
mosto, e os outeiros manarão leite, e todos os rios de Judá estarão cheios de águas;
e sairá uma fonte, da casa do SENHOR, e regará o vale de Sitim.
19 O Egito se fará uma desolação, e Edom se fará um
deserto assolado, por causa da violência que fizeram aos filhos de Judá, em
cuja terra derramaram sangue inocente.
20 Mas Judá será habitada para sempre, e Jerusalém de
geração em geração.
21 E purificarei o sangue dos que eu não tinha
purificado; porque o SENHOR habitará em Sião.
LIVRO DE AMÓS
AMÓS Capítulo 1
1 As palavras de Amós, que estava entre os pastores de
Tecoa, as quais viu a respeito de Israel, nos dias de Uzias, rei de Judá, e nos
dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel, dois anos antes do terremoto.
2 Ele disse: O SENHOR bramará de Sião, e de Jerusalém
fará ouvir a sua voz; os prados dos pastores prantearão, e secar-se-á o cume do
Carmelo.
3 Assim diz o SENHOR: Por três transgressões de
Damasco, e por quatro, não retirarei o castigo, porque trilharam a Gileade com
trilhos de ferro.
4 Por isso porei fogo à casa de Hazael, e ele consumirá
os palácios de Ben-Hadade.
5 E quebrarei o ferrolho de Damasco, e exterminarei o
morador do vale de Aven, e ao que tem o cetro de Bete-Éden; e o povo da Síria
será levado em cativeiro a Quir, diz o SENHOR.
6 Assim diz o SENHOR: Por três transgressões de Gaza, e
por quatro, não retirarei o castigo, porque levaram em cativeiro todos os
cativos para os entregarem a Edom.
7 Por isso porei fogo ao muro de Gaza, e ele consumirá
os seus palácios.
8 E exterminarei o morador de Asdode, e o que tem o
cetro de Ascalom, e tornarei a minha mão contra Ecrom; e o restante dos
filisteus perecerá, diz o Senhor DEUS.
9 Assim diz o SENHOR: Por três transgressões de Tiro, e
por quatro, não retirarei o castigo, porque entregaram todos os cativos a Edom,
e não se lembraram da aliança dos irmãos.
10 Por isso porei fogo ao muro de Tiro, e ele consumirá
os seus palácios.
11 Assim diz o SENHOR: Por três transgressões de Edom,
e por quatro, não retirarei o castigo, porque perseguiu a seu irmão à espada, e
aniquilou as suas misericórdias; e a sua ira despedaçou eternamente, e
conservou a sua indignação para sempre.
12 Por isso porei fogo a Temã, e ele consumirá os
palácios de Bozra.
13 Assim diz o SENHOR: Por três transgressões dos
filhos de Amom, e por quatro, não retirarei o castigo, porque fenderam o ventre
às grávidas de Gileade, para dilatarem os seus termos.
14 Por isso porei fogo ao muro de Rabá, e ele consumirá
os seus palácios, com alarido no dia da batalha, com tempestade no dia da
tormenta.
15 E o seu rei irá para o cativeiro, ele e os seus príncipes
juntamente, diz o SENHOR.
AMÓS Capítulo 2
1 Assim diz o SENHOR: Por três transgressões de Moabe,
e por quatro, não retirarei o castigo, porque queimou os ossos do rei de Edom,
até os tornar a cal.
2 Por isso porei fogo a Moabe, e consumirá os palácios
de Queriote; e Moabe morrerá com grande estrondo, com alarido, com som de
trombeta.
3 E exterminarei o juiz do meio dele, e a todos os seus
príncipes com ele matarei, diz o SENHOR.
4 Assim diz o SENHOR: Por três transgressões de Judá, e
por quatro, não retirarei o castigo, porque rejeitaram a lei do SENHOR, e não
guardaram os seus estatutos, antes se deixaram enganar por suas próprias
mentiras, após as quais andaram seus pais.
5 Por isso porei fogo a Judá, e ele consumirá os
palácios de Jerusalém.
6 Assim diz o SENHOR: Por três transgressões de Israel,
e por quatro, não retirarei o castigo, porque vendem o justo por dinheiro, e o
necessitado por um par de sapatos,
7 Suspirando pelo pó da terra, sobre a cabeça dos
pobres, pervertem o caminho dos mansos; e um homem e seu pai entram à mesma
moça, para profanarem o meu santo nome.
8 E se deitam junto a qualquer altar sobre roupas
empenhadas, e na casa dos seus deuses bebem o vinho dos que tinham multado.
9 Todavia eu destruí diante dele o amorreu, cuja altura
era como a altura dos cedros, e que era forte como os carvalhos; mas destruí o
seu fruto por cima, e as suas raízes por baixo.
10 Também vos fiz subir da terra do Egito, e quarenta
anos vos guiei no deserto, para que possuísseis a terra do amorreu.
11 E dentre vossos filhos suscitei profetas, e dentre
os vossos jovens nazireus. Não é isto assim, filhos de Israel? diz o SENHOR.
12 Mas vós aos nazireus destes vinho a beber, e aos
profetas ordenastes, dizendo: Não profetizareis.
13 Eis que eu vos apertarei no vosso lugar como se
aperta um carro cheio de feixes.
14 Assim perecerá a fuga ao ágil; nem o forte
corroborará a sua força, nem o poderoso livrará a sua vida.
15 E não ficará em pé o que maneja o arco, nem o
ligeiro de pés se livrará, nem tampouco se livrará o que vai montado a cavalo.
16 E o mais corajoso entre os fortes fugirá nu naquele
dia, diz o SENHOR.
AMÓS Capítulo 3
1 Ouvi esta palavra que o SENHOR fala contra vós,
filhos de Israel, contra toda a família que fiz subir da terra do Egito,
dizendo:
2 De todas as famílias da terra só a vós vos tenho
conhecido; portanto eu vos punirei por todas as vossas iniqüidades.
3 Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de
acordo?
4 Rugirá o leão no bosque, sem que tenha presa?
Levantará o leãozinho no seu covil a sua voz, se nada tiver apanhado?
5 Cairá a ave no laço em terra, se não houver armadilha
para ela? Levantar-se-á da terra o laço, sem que tenha apanhado alguma coisa?
6 Tocar-se-á a trombeta na cidade, e o povo não
estremecerá? Sucederá algum mal na cidade, sem que o SENHOR o tenha feito?
7 Certamente o Senhor DEUS não fará coisa alguma, sem
ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas.
8 Rugiu o leão, quem não temerá? Falou o Senhor DEUS,
quem não profetizará?
9 Fazei ouvir isso nos palácios de Asdode, e nos
palácios da terra do Egito, e dizei: Ajuntai-vos sobre os montes de Samaria, e
vede que grandes alvoroços há no meio dela, e como são oprimidos dentro dela.
10 Porque não sabem fazer o que é reto, diz o SENHOR,
aqueles que entesouram nos seus palácios a violência e a destruição.
11 Portanto, o Senhor DEUS diz assim: O inimigo virá, e
cercará a terra, derrubará a tua fortaleza, e os teus palácios serão saqueados.
12 Assim diz o SENHOR: Como o pastor livra da boca do
leão as duas pernas, ou um pedaço da orelha, assim serão livrados os filhos de
Israel que habitam em Samaria, em canto da cama, e no Damasco, num leito.
13 Ouvi, e protestai contra a casa de Jacó, diz o
Senhor DEUS, o Deus dos Exércitos;
14 Pois no dia em que eu punir as transgressões de
Israel, também castigarei os altares de Betel; e as pontas do altar serão
cortadas, e cairão por terra.
15 E ferirei a casa de inverno juntamente com a casa de
verão; e as casas de marfim perecerão, e as grandes casas terão fim, diz o
SENHOR.
AMÓS Capítulo 4
1 Ouvi esta palavra vós, vacas de Basã, que estais no
monte de Samaria, que oprimis aos pobres, que esmagais os necessitados, que
dizeis a vossos senhores: Dai cá, e bebamos.
2 Jurou o Senhor DEUS, pela sua santidade, que dias
estão para vir sobre vós, em que vos levarão com ganchos e a vossos
descendentes com anzóis de pesca.
3 E saireis pelas brechas, uma após outra, e sereis
lançados para Harmom, disse o SENHOR.
4 Vinde a Betel, e transgredi; a Gilgal, e multiplicai
as transgressões; e cada manhã trazei os vossos sacrifícios, e os vossos
dízimos de três em três dias.
5 E oferecei o sacrifício de louvores do que é
levedado, e apregoai as ofertas voluntárias, publicai-as; porque disso gostais,
ó filhos de Israel, disse o Senhor DEUS.
6 Por isso também vos dei limpeza de dentes em todas as
vossas cidades, e falta de pão em todos os vossos lugares; contudo não vos convertestes
a mim, disse o SENHOR.
7 Além disso, retive de vós a chuva quando ainda
faltava três meses para a ceifa; e fiz que chovesse sobre uma cidade, e não
chovesse sobre a outra cidade; sobre um campo choveu, mas o outro, sobre o qual
não choveu, secou-se.
8 E andaram errantes duas ou três cidades, indo a outra
cidade para beberem água, mas não se saciaram; contudo não vos convertestes a
mim, disse o SENHOR.
9 Feri-vos com queimadura, e com ferrugem; a multidão
das vossas hortas, e das vossas vinhas, e das vossas figueiras, e das vossas
oliveiras, comeu a locusta; contudo não vos convertestes a mim, disse o SENHOR.
10 Enviei a peste contra vós, à maneira do Egito; os
vossos jovens matei à espada, e os vossos cavalos deixei levar presos, e o mau
cheiro dos vossos arraiais fiz subir as vossas narinas; contudo não vos
convertestes a mim, disse o SENHOR.
11 Subverti a alguns dentre vós, como Deus subverteu a
Sodoma e Gomorra, e vós fostes como um tição arrebatado do incêndio; contudo
não vos convertestes a mim, disse o SENHOR.
12 Portanto, assim te farei, ó Israel! E porque isso te
farei, prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Deus.
13 Porque eis aqui o que forma os montes, e cria o
vento, e declara ao homem qual seja o seu pensamento, o que faz da manhã
trevas, e pisa os altos da terra; o SENHOR, o Deus dos Exércitos, é o seu nome.
AMÓS Capítulo 5
1 Ouvi esta palavra, que levanto como uma lamentação
sobre vós, ó casa de Israel.
2 A virgem de Israel caiu, e não mais tornará a
levantar-se; desamparada está na sua terra, não há quem a levante.
3 Porque assim diz o Senhor DEUS: A cidade da qual saem
mil conservará cem, e aquela da qual saem cem conservará dez, para a casa de
Israel.
4 Porque assim diz o SENHOR à casa de Israel:
Buscai-me, e vivei.
5 Mas não busqueis a Betel, nem venhais a Gilgal, nem
passeis a Berseba, porque Gilgal certamente será levada ao cativeiro, e Betel
será desfeita em nada.
6 Buscai ao SENHOR, e vivei, para que ele não irrompa
na casa de José como um fogo, e a consuma, e não haja em Betel quem o apague.
7 Vós que converteis o juízo em alosna, e deitais por
terra a justiça.
8 Procurai o que faz o Sete-estrelo e o Orion e torna a
sombra da noite em manhã, e faz escurecer o dia como a noite, que chama as
águas do mar, e as derrama sobre a terra; o SENHOR é o seu nome.
9 O que promove súbita destruição contra o forte; de
modo que venha a destruição contra a fortaleza.
10 Odeiam na porta ao que os repreende, e abominam ao
que fala sinceramente.
11 Portanto, visto que pisais o pobre e dele exigis um
tributo de trigo, edificastes casas de pedras lavradas, mas nelas não
habitareis; vinhas desejáveis plantastes, mas não bebereis do seu vinho.
12 Porque sei que são muitas as vossas transgressões e
graves os vossos pecados; afligis o justo, tomais resgate, e rejeitais os
necessitados na porta.
13 Portanto, o que for prudente guardará silêncio
naquele tempo, porque o tempo será mau.
14 Buscai o bem, e não o mal, para que vivais; e assim
o SENHOR, o Deus dos Exércitos, estará convosco, como dizeis.
15 Odiai o mal, e amai o bem, e estabelecei na porta o
juízo. Talvez o SENHOR Deus dos Exércitos tenha piedade do remanescente de
José.
16 Portanto, assim diz o SENHOR, o Deus dos Exércitos,
o Senhor: Em todas as ruas haverá pranto, e em todas as estradas dirão: Ai! Ai!
E ao lavrador chamarão para choro, e para pranto os que souberem prantear.
17 E em todas as vinhas haverá pranto; porque passarei
pelo meio de ti, diz o SENHOR.
18 Ai daqueles que desejam o dia do SENHOR! Para que
quereis vós este dia do SENHOR? Será de trevas e não de luz.
19 É como se um homem fugisse de diante do leão, e se
encontrasse com ele o urso; ou como se entrando numa casa, a sua mão encostasse
à parede, e fosse mordido por uma cobra.
20 Não será, pois, o dia do SENHOR trevas e não luz, e
escuridão, sem que haja resplendor?
21 Odeio, desprezo as vossas festas, e as vossas
assembléias solenes não me exalarão bom cheiro.
22 E ainda que me ofereçais holocaustos, ofertas de
alimentos, não me agradarei delas; nem atentarei para as ofertas pacíficas de
vossos animais gordos.
23 Afasta de mim o estrépito dos teus cánticos; porque
não ouvirei as melodias das tuas violas.
24 Corra, porém, o juízo como as águas, e a justiça
como o ribeiro impetuoso.
25 Oferecestes-me vós sacrifícios e oblações no deserto
por quarenta anos, ó casa de Israel?
26 Antes levastes a tenda de vosso Moloque, e a estátua
das vossas imagens, a estrela do vosso deus, que fizestes para vós mesmos.
27 Portanto vos levarei cativos, para além de Damasco,
diz o SENHOR, cujo nome é o Deus dos Exércitos.
AMÓS Capítulo 6
1 Ai dos que vivem sossegados em Sião, e dos que estão
confiados no monte de Samaria, que têm nome entre as primeiras das nações, e
aos quais vem a casa de Israel!
2 Passai a Calne, e vede; e dali ide à grande Hamate; e
depois descei a Gate dos filisteus; serão melhores que estes reinos? Ou maior o
seu termo do que o vosso termo?
3 O vós que afastais o dia mau, e fazeis chegar o
assento da violência.
4 Ai dos que dormem em camas de marfim, e se estendem
sobre os seus leitos, e comem os cordeiros do rebanho, e os bezerros do meio do
curral.
5 Que cantam ao som da viola, e inventam para si
instrumentos musicais, assim como Davi;
6 Que bebem vinho em taças, e se ungem com o mais
excelente óleo: mas não se afligem pela ruína de José;
7 Portanto agora irão em cativeiro entre os primeiros
dos que forem levados cativos, e cessarão os festins dos banqueteadores.
8 Jurou o Senhor DEUS por si mesmo, diz o SENHOR, o
Deus dos Exércitos: Abomino a soberba de Jacó, e odeio os seus palácios; por
isso entregarei a cidade e tudo o que nela há.
9 E acontecerá que, se numa casa ficarem dez homens,
morrerão.
10 Quando o tio de alguém, aquele que o queima, o tomar
para levar-lhe os ossos para fora da casa, e disser ao que estiver no mais
interior da casa: Está ainda alguém contigo? E este responder: Ninguém; então
lhe dirá ele: Cala-te, porque não devemos fazer menção do nome do SENHOR.
11 Porque, eis que o SENHOR ordena, e ferirá a casa
grande de brechas, e a casa pequena de fendas.
12 Porventura correrão cavalos sobre rocha? Lavrar-se-á
nela com bois? Mas vós haveis tornado o juízo em fel, e o fruto da justiça em
alosna;
13 Vós que vos alegrais do nada, vós que dizeis: Não é
assim que por nossa própria força nos temos tornado poderosos?
14 Porque, eis que eu levantarei sobre vós, ó casa de
Israel, uma nação, diz o SENHOR, o Deus dos Exércitos, e oprimir-vos-á, desde a
entrada de Hamate até ao ribeiro do deserto.
AMÓS Capítulo 7
1 O SENHOR DEUS assim me fez ver, e eis que ele formava
gafanhotos no princípio do rebento da erva seródia, e eis que era a erva
seródia depois de findas as ceifas do rei.
2 E aconteceu que, tendo eles comido completamente a
erva da terra, eu disse: Senhor DEUS, perdoa, rogo-te; quem levantará a Jacó?
pois ele é pequeno.
3 Então o SENHOR se arrependeu disso. Não acontecerá,
disse o SENHOR.
4 Assim me mostrou o Senhor DEUS: Eis que o Senhor DEUS
clamava, para contender com fogo; este consumiu o grande abismo, e também uma
parte da terra.
5 Então eu disse: Senhor DEUS, cessa, eu te peço; quem
levantará Jacó? pois é pequeno.
6 E o SENHOR se arrependeu disso. Nem isso acontecerá,
disse o Senhor DEUS.
7 Mostrou-me também assim: e eis que o Senhor estava
sobre um muro, levantado a prumo; e tinha um prumo na sua mão.
8 E o SENHOR me disse: Que vês tu, Amós? E eu disse: Um
prumo. Então disse o Senhor: Eis que eu porei o prumo no meio do meu povo Israel;
nunca mais passarei por ele.
9 Mas os altos de Isaque serão assolados, e destruídos
os santuários de Israel; e levantar-me-ei com a espada contra a casa de
Jeroboão.
10 Então Amazias, o sacerdote de Betel, mandou dizer a
Jeroboão, rei de Israel: Amós tem conspirado contra ti, no meio da casa de
Israel; a terra não poderá sofrer todas as suas palavras.
11 Porque assim diz Amós: Jeroboão morrerá à espada, e
Israel certamente será levado para fora da sua terra em cativeiro.
12 Depois Amazias disse a Amós: Vai-te, ó vidente, e
foge para a terra de Judá, e ali come o pão, e ali profetiza;
13 Mas em Betel daqui por diante não profetizes mais,
porque é o santuário do rei e casa real.
14 E respondeu Amós, dizendo a Amazias: Eu não sou
profeta, nem filho de profeta, mas boiadeiro, e cultivador de sicómoros.
15 Mas o SENHOR me tirou de seguir o rebanho, e o
SENHOR me disse: Vai, e profetiza ao meu povo Israel.
16 Agora, pois, ouve a palavra do SENHOR: Tu dizes: Não
profetizes contra Israel, nem fales contra a casa de Isaque.
17 Portanto assim diz o SENHOR: Tua mulher se
prostituirá na cidade, e teus filhos e tuas filhas cairão à espada, e a tua
terra será repartida a cordel, e tu morrerás na terra imunda, e Israel
certamente será levado cativo para fora da sua terra.
AMÓS Capítulo 8
1 O SENHOR DEUS assim me fez ver: E eis aqui um cesto
de frutos do verão.
2 E disse: Que vês, Amós? E eu disse: Um cesto de
frutos do verão. Então o SENHOR me disse: Chegou o fim sobre o meu povo Israel;
nunca mais passarei por ele.
3 Mas os cánticos do templo naquele dia serão gemidos,
diz o Senhor DEUS; multiplicar-se-ão os cadáveres; em todos os lugares serão
lançados fora em silêncio.
4 Ouvi isto, vós que anelais o abatimento do
necessitado; e destruís os miseráveis da terra,
5 Dizendo: Quando passará a lua nova, para vendermos o
grão, e o sábado, para abrirmos os celeiros de trigo, diminuindo o efa, e
aumentando o siclo, e procedendo dolosamente com balanças enganosas,
6 Para comprarmos os pobres por dinheiro, e os necessitados
por um par de sapatos, e para vendermos o refugo do trigo.
7 Jurou o SENHOR pela glória de Jacó: Eu não me
esquecerei de todas as suas obras para sempre.
8 Por causa disto não extremecerá a terra, e não
chorará todo aquele que nela habita? Certamente levantar-se-á toda ela como o
grande rio, e será agitada, e baixará como o rio do Egito.
9 E sucederá que, naquele dia, diz o Senhor DEUS, farei
que o sol se ponha ao meio dia, e a terra se entenebreça no dia claro.
10 E tornarei as vossas festas em luto, e todos os
vossos cánticos em lamentações; e porei pano de saco sobre todos os lombos, e
calva sobre toda cabeça; e farei que isso seja como luto por um filho único, e
o seu fim como dia de amarguras.
11 Eis que vêm dias, diz o Senhor DEUS, em que enviarei
fome sobre a terra; não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras
do SENHOR.
12 E irão errantes de um mar até outro mar, e do norte
até ao oriente; correrão por toda a parte, buscando a palavra do SENHOR, mas
não a acharão.
13 Naquele dia as virgens formosas e os jovens
desmaiarão de sede.
14 Os que juram pela culpa de Samaria, dizendo: Vive o
teu deus, ó Dã; e vive o caminho de Berseba; esses mesmos cairão, e não se
levantarão jamais.
AMÓS Capítulo 9
1 Vi o Senhor, que estava em pé sobre o altar; e me
disse: Fere o capitel, e estremeçam os umbrais, e faze tudo em pedaços sobre a
cabeça de todos eles; e eu matarei à espada até ao último deles; nenhum deles
conseguirá fugir, nenhum deles escapará.
2 Ainda que cavem até ao inferno, a minha mão os tirará
dali; e, se subirem ao céu, dali os farei descer.
3 E, se se esconderem no cume do Carmelo, buscá-los-ei,
e dali os tirarei; e, se dos meus olhos se ocultarem no fundo do mar, ali darei
ordem à serpente, e ela os picará.
4 E, se forem em cativeiro diante de seus inimigos, ali
darei ordem à espada que os mate; e eu porei os meus olhos sobre eles para o
mal, e não para o bem.
5 Porque o Senhor DEUS dos Exércitos é o que toca a
terra, e ela se derrete, e todos os que habitam nela chorarão; e ela subirá
toda como um rio, e abaixará como o rio do Egito.
6 Ele é o que edifica as suas cámaras superiores no
céu, e fundou na terra a sua abóbada, e o que chama as águas do mar, e as
derrama sobre a terra; o SENHOR é o seu nome.
7 Não me sois, vós, ó filhos de Israel, como os filhos
dos etíopes? diz o SENHOR: Não fiz eu subir a Israel da terra do Egito, e aos
filisteus de Caftor, e aos sírios de Quir?
8 Eis que os olhos do Senhor DEUS estão contra este
reino pecador, e eu o destruirei de sobre a face da terra; mas não destruirei
de todo a casa de Jacó, diz o SENHOR.
9 Porque eis que darei ordem, e sacudirei a casa de
Israel entre todas as nações, assim como se sacode grão no crivo, sem que caia
na terra um só grão.
10 Todos os pecadores do meu povo morrerão à espada, os
que dizem: Não nos alcançará nem nos encontrará o mal.
11 Naquele dia tornarei a levantar o tabernáculo caído
de Davi, e repararei as suas brechas, e tornarei a levantar as suas ruínas, e o
edificarei como nos dias da antiguidade;
12 Para que possuam o restante de Edom, e todos os
gentios que são chamados pelo meu nome, diz o SENHOR, que faz essas coisas.
13 Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que o que lavra
alcançará ao que sega, e o que pisa as uvas ao que lança a semente; e os montes
destilarão mosto, e todos os outeiros se derreterão.
14 E trarei do cativeiro meu povo Israel, e eles
reedificarão as cidades assoladas, e nelas habitarão, e plantarão vinhas, e
beberão o seu vinho, e farão pomares, e lhes comerão o fruto.
15 E plantá-los-ei na sua terra, e não serão mais
arrancados da sua terra que lhes dei, diz o SENHOR teu Deus.
LIVRO DE OBADIAS
OBADIAS Capítulo 1
1 Visão de Obadias: Assim diz o Senhor DEUS a respeito
de Edom: Temos ouvido a pregação do SENHOR, e foi enviado aos gentios um
emissário, dizendo: Levantai-vos, e levantemo-nos contra ela para a guerra.
2 Eis que te fiz pequeno entre os gentios; tu és muito
desprezado.
3 A soberba do teu coração te enganou, como o que
habita nas fendas das rochas, na sua alta morada, que diz no seu coração: Quem
me derrubará em terra?
4 Se te elevares como águia, e puseres o teu ninho
entre as estrelas, dali te derrubarei, diz o SENHOR.
5 Se viessem a ti ladrões, ou assaltantes de noite
(como estás destruído!), não furtariam o que lhes bastasse? Se a ti viessem os
vindimadores, não deixariam algumas uvas?
6 Como foram rebuscados os bens de Esaú! Como foram
investigados os seus tesouros escondidos!
7 Todos os teus confederados te levaram até a
fronteira; os que gozam da tua paz te enganaram, prevaleceram contra ti; os que
comem o teu pão puseram debaixo de ti uma armadilha; não há nele entendimento.
8 Porventura não acontecerá naquele dia, diz o SENHOR,
que farei perecer os sábios de Edom, e o entendimento do monte de Esaú?
9 E os teus poderosos, ó Temã, estarão atemorizados,
para que do monte de Esaú seja cada um exterminado pela matança.
10 Por causa da violência feita a teu irmão Jacó,
cobrir-te-á a confusão, e serás exterminado para sempre.
11 No dia em que o confrontaste, no dia em que
estranhos levaram cativo o seu exército, e os estrangeiros entravam pelas suas
portas, e lançaram sortes sobre Jerusalém, tu eras também como um deles.
12 Mas tu não devias olhar com prazer para o dia de teu
irmão, no dia do seu infortúnio; nem alegrar-te sobre os filhos de Judá, no dia
da sua ruína; nem alargar a tua boca, no dia da angústia;
13 Nem entrar pela porta do meu povo, no dia da sua
calamidade; sim, tu não devias olhar satisfeito o seu mal, no dia da sua
calamidade; nem lançar mão dos seus bens, no dia da sua calamidade;
14 Nem parar nas encruzilhadas, para exterminares os
que escapassem; nem entregar os que lhe restassem, no dia da angústia.
15 Porque o dia do SENHOR está perto, sobre todos os
gentios; como tu fizeste, assim se fará contigo; a tua recompensa voltará sobre
a tua cabeça.
16 Porque, como vós bebestes no meu santo monte, assim
beberão também de contínuo todos os gentios; beberão, e sorverão, e serão como
se nunca tivessem sido.
17 Mas no monte Sião haverá livramento, e ele será
santo; e os da casa de Jacó possuirão as suas herdades.
18 E a casa de Jacó será fogo, e a casa de José uma
chama, e a casa de Esaú palha; e se acenderão contra eles, e os consumirão; e
ninguém mais restará da casa de Esaú, porque o SENHOR o falou.
19 E os do sul possuirão o monte de Esaú, e os das
planícies, os filisteus; possuirão também os campos de Efraim, e os campos de
Samaria; e Benjamim possuirá a Gileade.
20 E os cativos deste exército, dos filhos de Israel,
possuirão os cananeus, até Zarefate; e os cativos de Jerusalém, que estão em
Sefarade, possuirão as cidades do sul.
21 E subirão salvadores ao monte Sião, para julgarem o
monte de Esaú; e o reino será do SENHOR.
LIVRO DE JONAS
JONAS Capítulo 1
1 E veio a palavra do SENHOR a Jonas, filho de Amitai,
dizendo:
2 Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive, e clama
contra ela, porque a sua malícia subiu até à minha presença.
3 Porém, Jonas se levantou para fugir da presença do
SENHOR para Társis. E descendo a Jope, achou um navio que ia para Társis;
pagou, pois, a sua passagem, e desceu para dentro dele, para ir com eles para
Társis, para longe da presença do SENHOR.
4 Mas o SENHOR mandou ao mar um grande vento, e fez-se
no mar uma forte tempestade, e o navio estava a ponto de quebrar-se.
5 Então temeram os marinheiros, e clamavam cada um ao
seu deus, e lançaram ao mar as cargas, que estavam no navio, para o aliviarem
do seu peso; Jonas, porém, desceu ao porão do navio, e, tendo-se deitado,
dormia um profundo sono.
6 E o mestre do navio chegou-se a ele, e disse-lhe: Que
tens, dorminhoco? Levanta-te, clama ao teu Deus; talvez assim ele se lembre de
nós para que não pereçamos.
7 E diziam cada um ao seu companheiro: Vinde, e
lancemos sortes, para que saibamos por que causa nos sobreveio este mal. E
lançaram sortes, e a sorte caiu sobre Jonas.
8 Então lhe disseram: Declara-nos tu agora, por causa
de quem nos sobreveio este mal. Que ocupação é a tua? Donde vens? Qual é a tua
terra? E de que povo és tu?
9 E ele lhes disse: Eu sou hebreu, e temo ao SENHOR, o
Deus do céu, que fez o mar e a terra seca.
10 Então estes homens se encheram de grande temor, e
disseram-lhe: Por que fizeste tu isto? Pois sabiam os homens que fugia da
presença do SENHOR, porque ele lho tinha declarado.
11 E disseram-lhe: Que te faremos nós, para que o mar
se nos acalme? Porque o mar ia se tornando cada vez mais tempestuoso.
12 E ele lhes disse: Levantai-me, e lançai-me ao mar, e
o mar se vos aquietará; porque eu sei que por minha causa vos sobreveio esta
grande tempestade.
13 Entretanto, os homens remavam, para fazer voltar o
navio à terra, mas não podiam, porquanto o mar se ia embravecendo cada vez mais
contra eles.
14 Então clamaram ao SENHOR, e disseram: Ah, SENHOR!
Nós te rogamos, que não pereçamos por causa da alma deste homem, e que não
ponhas sobre nós o sangue inocente; porque tu, SENHOR, fizeste como te aprouve.
15 E levantaram a Jonas, e o lançaram ao mar, e cessou
o mar da sua fúria.
16 Temeram, pois, estes homens ao SENHOR com grande
temor; e ofereceram sacrifício ao SENHOR, e fizeram votos.
17 Preparou, pois, o SENHOR um grande peixe, para que
tragasse a Jonas; e esteve Jonas três dias e três noites nas entranhas do
peixe.
JONAS Capítulo 2
1 E orou Jonas ao SENHOR, seu Deus, das entranhas do
peixe.
2 E disse: Na minha angústia clamei ao SENHOR, e ele me
respondeu; do ventre do inferno gritei, e tu ouviste a minha voz.
3 Porque tu me lançaste no profundo, no coração dos
mares, e a corrente das águas me cercou; todas as tuas ondas e as tuas vagas
têm passado por cima de mim.
4 E eu disse: Lançado estou de diante dos teus olhos;
todavia tornarei a ver o teu santo templo.
5 As águas me cercaram até à alma, o abismo me rodeou,
e as algas se enrolaram na minha cabeça.
6 Eu desci até aos fundamentos dos montes; a terra me
encerrou para sempre com os seus ferrolhos; mas tu fizeste subir a minha vida
da perdição, ó SENHOR meu Deus.
7 Quando desfalecia em mim a minha alma, lembrei-me do
SENHOR; e entrou a ti a minha oração, no teu santo templo.
8 Os que observam as falsas vaidades deixam a sua
misericórdia.
9 Mas eu te oferecerei sacrifício com a voz do
agradecimento; o que votei pagarei. Do SENHOR vem a salvação.
10 Falou, pois, o SENHOR ao peixe, e este vomitou a
Jonas na terra seca.
JONAS Capítulo 3
1 E veio a palavra do SENHOR segunda vez a Jonas,
dizendo:
2 Levanta-te, e vai à grande cidade de Nínive, e prega
contra ela a mensagem que eu te digo.
3 E levantou-se Jonas, e foi a Nínive, segundo a
palavra do SENHOR. Ora, Nínive era uma cidade muito grande, de três dias de
caminho.
4 E começou Jonas a entrar pela cidade caminho de um
dia, e pregava, dizendo: Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida.
5 E os homens de Nínive creram em Deus; e proclamaram
um jejum, e vestiram-se de saco, desde o maior até ao menor.
6 Esta palavra chegou também ao rei de Nínive; e ele
levantou-se do seu trono, e tirou de si as suas vestes, e cobriu-se de saco, e
sentou-se sobre a cinza.
7 E fez uma proclamação que se divulgou em Nínive, pelo
decreto do rei e dos seus grandes, dizendo: Nem homens, nem animais, nem bois,
nem ovelhas provem coisa alguma, nem se lhes dê alimentos, nem bebam água;
8 Mas os homens e os animais sejam cobertos de sacos, e
clamem fortemente a Deus, e convertam-se, cada um do seu mau caminho, e da
violência que há nas suas mãos.
9 Quem sabe se se voltará Deus, e se arrependerá, e se
apartará do furor da sua ira, de sorte que não pereçamos?
10 E Deus viu as obras deles, como se converteram do
seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha anunciado lhes faria, e
não o fez.
JONAS Capítulo 4
1 Mas isso desagradou extremamente a Jonas, e ele ficou
irado.
2 E orou ao SENHOR, e disse: Ah! SENHOR! Não foi esta
minha palavra, estando ainda na minha terra? Por isso é que me preveni, fugindo
para Társis, pois sabia que és Deus compassivo e misericordioso, longánimo e
grande em benignidade, e que te arrependes do mal.
3 Peço-te, pois, ó SENHOR, tira-me a vida, porque
melhor me é morrer do que viver.
4 E disse o SENHOR: Fazes bem que assim te ires?
5 Então Jonas saiu da cidade, e sentou-se ao oriente
dela; e ali fez uma cabana, e sentou-se debaixo dela, à sombra, até ver o que
aconteceria à cidade.
6 E fez o SENHOR Deus nascer uma aboboreira, e ela
subiu por cima de Jonas, para que fizesse sombra sobre a sua cabeça, a fim de o
livrar do seu enfado; e Jonas se alegrou em extremo por causa da aboboreira.
7 Mas Deus enviou um verme, no dia seguinte ao subir da
alva, o qual feriu a aboboreira, e esta se secou.
8 E aconteceu que, aparecendo o sol, Deus mandou um
vento calmoso oriental, e o sol feriu a cabeça de Jonas; e ele desmaiou, e
desejou com toda a sua alma morrer, dizendo: Melhor me é morrer do que viver.
9 Então disse Deus a Jonas: Fazes bem que assim te ires
por causa da aboboreira? E ele disse: Faço bem que me revolte até à morte.
10 E disse o SENHOR: Tiveste tu compaixão da
aboboreira, na qual não trabalhaste, nem a fizeste crescer, que numa noite
nasceu, e numa noite pereceu;
11 E não hei de eu ter compaixão da grande cidade de
Nínive em que estão mais de cento e vinte mil homens que não sabem discernir
entre a sua mão direita e a sua mão esquerda, e também muitos animais?